
A contagem decrescente para o fim do suporte do Windows 10 está prestes a terminar. A 15 de outubro de 2025, a Microsoft deixará de fornecer atualizações de segurança gratuitas para o popular sistema operativo, uma decisão que, segundo ativistas, poderá criar uma autêntica ‘bomba-relógio’ de lixo eletrónico, com centenas de milhões de computadores a tornarem-se obsoletos da noite para o dia.
O alerta da The Restart Project
A organização The Restart Project está na linha da frente da contestação, instando a Microsoft a reconsiderar a sua posição. O problema central reside nos rigorosos requisitos de hardware para o Windows 11, que impedem a atualização de um número estimado entre 240 a 400 milhões de computadores perfeitamente funcionais. Sem atualizações de segurança, estes equipamentos tornam-se vulneráveis a ataques, forçando utilizadores e empresas a descartá-los prematuramente.
Recentemente, o grupo lançou um "kit de ferramentas para o Fim do Windows 10", com o objetivo de guiar grupos de reparação comunitária sobre como lidar com esta mudança massiva, que representa um enorme desafio ambiental e um custo significativo para os consumidores.
Um apelo direto à Microsoft
As críticas à gigante da tecnologia são diretas. Fiona Dear, codiretora do The Restart Project, não poupa palavras: "Precisamos que a Microsoft estenda o suporte gratuito e automático para o Windows 10. E precisamos de legislação que torne a obsolescência de software ilegal para todos os produtos. Empresas como a Microsoft estão a safar-se com o despejo massivo de lixo eletrónico." A ativista salienta ainda a ironia de o fim do suporte coincidir com o "Dia do Lixo Eletrónico".
Cristina Ganapini, coordenadora da coligação Right to Repair Europe, reforça a ideia, afirmando que a decisão da Microsoft "poderá tornar 400 milhões de computadores obsoletos — não porque estão avariados, mas por causa do software". Ganapini defende que as empresas podem tomar estas decisões porque "não existem regulamentos que as impeçam".
O futuro da reparação e a legislação em jogo
O debate vai além da Microsoft e toca num ponto nevrálgico do setor tecnológico: a obsolescência programada. A coligação Right to Repair Europe defende a criação de requisitos mais rigorosos na União Europeia, que obriguem as empresas a fornecer "suporte de software e segurança que corresponda à vida útil potencial" dos dispositivos, e não apenas dos computadores.
Para os ativistas, o fim do suporte do Windows 10 é um exemplo flagrante de como as decisões de uma única empresa podem ter um impacto ambiental e económico global, reforçando a necessidade urgente de uma legislação que proteja os consumidores e o planeta. Resta saber se a Microsoft irá ouvir os apelos ou se assistiremos a uma das maiores vagas de lixo eletrónico da história recente.










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