Numa altura em que a indústria dos videojogos enfrenta uma vaga de despedimentos sem precedentes, a Netflix está a agitar as águas com uma proposta de emprego que está a gerar controvérsia. A gigante do streaming procura um Diretor de IA Generativa para Jogos, oferecendo um salário anual que pode variar entre os 430.000 e os 840.000 dólares, o que equivale a aproximadamente 400.000 e 780.000 euros.
A oferta de emprego, para uma posição presencial em Los Angeles, surge como um forte contraste com a realidade do setor, incluindo a da própria Netflix, que em fevereiro de 2025 despediu um número não revelado de funcionários do Night School Studio, o estúdio responsável por Oxenfree, adquirido pela empresa em 2021.
Um salário de luxo em tempos de crise
Para a posição, a Netflix exige um candidato com um mínimo de 10 anos de experiência na indústria e um conhecimento profundo de todo o ciclo de desenvolvimento de jogos, desde o conceito inicial até às operações em tempo real. A oferta generosa e o momento em que surge não passaram despercebidos aos profissionais da área.
A proposta desencadeou uma onda de indignação, com muitos a criticarem a disparidade entre este salário e a precariedade que afeta grande parte da indústria. Um dos comentários mais partilhados acusa a Netflix de querer pagar "quase meio milhão de dólares para carregar no botão ‘gerar’ da máquina de plágio, enquanto as posições de nível inicial desapareceram". Outros ridicularizam a oferta, afirmando que qualquer pessoa que tenha concluído um tutorial básico de desenvolvimento de jogos já estaria "sobrequalificada" para o cargo.
O que faz um Diretor de IA Generativa para Jogos?
Segundo a descrição da oferta, o papel deste diretor será fundamental para definir e liderar a estratégia de inteligência artificial generativa na divisão de jogos da Netflix. O objetivo é colaborar com os estúdios, equipas de tecnologia e liderança para criar novos títulos e incorporar funcionalidades de IA em "formas de jogo totalmente novas".
A empresa procura um "líder visionário e pragmático" que se posicione na intersecção entre tecnologia, produto e criatividade, impulsionando a forma como a IA de ponta pode ser usada para criar experiências "significativas, inovadoras e escaláveis" para os jogadores de videojogos.
A aposta contínua da Netflix na IA
Esta contratação não é um passo isolado. A Netflix tem vindo a apostar fortemente na IA em várias frentes. A empresa já anunciou planos para introduzir publicidade interativa gerada por IA em 2026. Em julho, o co-CEO Ted Sarandos elogiou o uso de IA generativa na série The Eternaut, afirmando: "Continuamos convencidos de que a IA representa uma oportunidade incrível para ajudar os criadores a fazer filmes e séries melhores, não apenas mais baratos."
Apesar da polémica, a oferta de emprego deixa claro que a Netflix vê a inteligência artificial como uma peça central no futuro do seu catálogo de jogos, estando disposta a investir avultadamente para liderar esta nova frente tecnológica.
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