
A autonomia da bateria continua a ser o "calcanhar de Aquiles" dos smartwatches e wearables. Mesmo com avanços, a maioria dos dispositivos precisa de ir ao carregador a cada poucos dias, especialmente com todos os sensores ativos. No entanto, uma equipa de investigadores do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia de Ulsan (UNIST), na Coreia do Sul, apresentou uma inovação que pode revolucionar esta área. O estudo, detalhado esta semana, descreve um novo material termelétrico iónico capaz de converter a diferença de temperatura entre a pele e o ar em eletricidade.
A ciência por trás da película "mágica"
A equipa, liderada pelo professor Jang Sung-yeon, desenvolveu um material que se assemelha a uma película fina e flexível. Esta película utiliza iões positivos e negativos para gerar eletricidade de forma eficiente.
O grande avanço da equipa sul-coreana foi resolver um dos principais desafios destes materiais: o fluxo irregular de iões, que ocorre quando há um desequilíbrio entre as cargas. Ao otimizar este equilíbrio e a densidade do material, a inovação atingiu o valor mais alto alguma vez registado no parâmetro ZTi, que mede o desempenho termelétrico. Este resultado representa um aumento de 70% em eficiência face a tentativas anteriores.
Resultados promissores nos primeiros testes
Na prática, os resultados são animadores. Segundo o artigo (via Android Police), os módulos compostos por várias unidades deste material conseguiram gerar 1,03 V por cada 1°C de diferença de temperatura. Com uma variação de apenas 1,5°C (uma diferença comum entre a pele e o ambiente), os investigadores conseguiram alimentar com sucesso uma pequena lâmpada LED.
Mais importante ainda é a estabilidade: o material manteve 95% da sua capacidade inicial mesmo após dois meses de utilização contínua em ambiente interno.
O futuro dos wearables sem bateria?
O professor Jang Sung-yeon explicou ao DongA Science a versatilidade desta tecnologia. "O material desenvolvido é fino e flexível, permitindo a sua fixação no corpo ou em superfícies curvas", afirmou. O investigador acredita que a película pode ser aplicada "no desenvolvimento de dispositivos vestíveis, como smartwatches que se recarregam sozinhos e não precisam de bateria, ou sensores autossuficientes". Estes sensores poderiam funcionar em ambientes com diferenças de temperatura de apenas alguns graus.
Embora algumas marcas já explorem o carregamento solar, esta solução termelétrica iónica, se produzida em escala, pode ser um passo decisivo para acabar com a ansiedade da autonomia nos nossos pulsos.










Nenhum comentário
Seja o primeiro!