1. TugaTech » Internet e Redes » Noticias da Internet e Mercados
  Login     Registar    |                      
Siga-nos

pessoa em site pirata

Um novo relatório do Instituto da Propriedade Intelectual da União Europeia (EUIPO) revela um cenário paradoxal no mundo da pirataria online. À primeira vista, os números parecem alarmantes, indicando um aumento explosivo de 567% na presença de publicidade de grandes marcas em sites ilegais. No entanto, uma análise mais atenta aos dados mostra que o ecossistema da pirataria está, na verdade, a colapsar, com uma queda massiva no volume total de anúncios e nas receitas geradas.

O estudo, realizado pela empresa de investigação White Bullet para o EUIPO, analisou 7.250 sites e 398 aplicações móveis em 18 estados-membros da UE durante 2023 e o início de 2024. O objetivo era monitorizar a eficácia das iniciativas voluntárias, como o Memorando de Entendimento liderado pela UE, que visa cortar o "oxigénio financeiro" destes sites ilegais: as receitas publicitárias.

O fim das campanhas educativas e o "regresso" das marcas

O dado que mais salta à vista no relatório é o aumento de 567% nas impressões de anúncios de grandes marcas em sites pirata entre 2021 e 2024. A nível global, a publicidade de marcas reconhecidas representou 61% de todas as impressões em sites monitorizados e uns impressionantes 96% nas aplicações móveis ilegais.

O relatório associa diretamente este ressurgimento ao fim de vários programas de cooperação da indústria em 2023. Estas iniciativas focavam-se em educar os anunciantes para evitarem colocar a sua publicidade em plataformas que infringem direitos de autor. Com o término destas campanhas, os filtros parecem ter relaxado, permitindo que marcas legítimas voltassem a financiar inadvertidamente estas operações.

No entanto, este número de "567%" é relativo e pode ser enganador se não for contextualizado. O que o relatório descobriu é que a quota de mercado dos anúncios de grandes marcas passou de 3% do total em 2021 para 20% em 2024. Ou seja, as marcas têm uma fatia maior do bolo, mas o "bolo" em si encolheu drasticamente.

Receitas e tráfego em queda livre

Apesar da maior visibilidade das grandes marcas, a realidade para os operadores de sites pirata é sombria. O número total de impressões de anúncios nestes sites caiu a pique, passando de 146,1 mil milhões em 2021 para apenas 28,3 mil milhões em 2024. Isto representa uma quebra de cerca de 80% no volume total de publicidade.

Na União Europeia, a tendência é ainda mais acentuada. As receitas publicitárias geradas por estes sites nos países monitorizados caíram 78%, descendo de 102,5 milhões de euros em 2021 para 22 milhões de euros no ano passado.

O relatório sugere que esta quebra se deve a uma fragmentação do ecossistema pirata e a uma diminuição geral do tráfego nestas plataformas. Em termos práticos, isto significa que, embora as marcas estejam percentualmente mais presentes, o número real de vezes que os seus anúncios são vistos aumentou apenas cerca de 30%, muito longe do valor astronómico sugerido pelas percentagens relativas.

Menos malware, mas maior risco relativo

Outra conclusão interessante do relatório, detalhado pelo EU Intellectual Property Office, prende-se com a segurança dos utilizadores. As estatísticas indicam um aumento de 250% na publicidade relacionada com fraudes e malware. Mais uma vez, trata-se de um aumento na quota de mercado relativa.

Em números absolutos, a quantidade de anúncios maliciosos diminuiu efetivamente em cerca de 1,8 mil milhões de impressões desde 2021, o que corresponde a uma redução real de 31%. O ambiente é, tecnicamente, menos perigoso em volume, mas como o tráfego geral caiu muito mais depressa, a proporção de anúncios perigosos que um utilizador encontra acabou por subir.

Um dado curioso, que não foi destacado nas conclusões principais do relatório mas que resulta da análise dos números, é a rentabilidade diária destes sites. Com a queda abrupta nas receitas, estima-se que o site pirata médio gere apenas cerca de 8,29 euros por dia com visitantes da UE. Mesmo a nível global, a receita média diária ronda os 91 euros, valores que sugerem que o modelo de negócio baseado apenas em publicidade está a tornar-se insustentável para a maioria destes operadores.

Apesar de empresas como a Google e outras redes de publicidade terem aderido a iniciativas para limpar este ecossistema, os dados mostram que a vigilância constante é necessária para evitar que as grandes marcas continuem a financiar, mesmo que involuntariamente, a pirataria online.




Aplicações do TugaTechAplicações TugaTechDiscord do TugaTechDiscord do TugaTechRSS TugaTechRSS do TugaTechSpeedtest TugaTechSpeedtest TugatechHost TugaTechHost TugaTech