
A esmagadora maioria da indústria da Inteligência Artificial opera atualmente com base em empréstimos multimilionários, contratos de aluguer para capacidade de centros de dados que ainda nem existe, e numa fé cega na capacidade da tecnologia para transformar o mundo. No entanto, novas estimativas sugerem que o resultado desta convergência de fatores é uma empresa condenada a não atingir a rentabilidade durante muito tempo.
O banco de investimento HSBC Holdings prevê que a OpenAI continuará a solicitar centenas de mil milhões de dólares em empréstimos até 2030, apesar de um crescimento explosivo nas suas receitas e popularidade. A instituição financeira britânica forneceu recentemente uma previsão atualizada sobre o caminho tortuoso da criadora do ChatGPT até ao lucro, tendo em conta os contratos e empréstimos conhecidos, juntamente com algumas suposições sobre as tendências gerais do mercado de serviços de IA.
Uma fatura colossal em infraestrutura
Os resultados deste exercício especulativo são impressionantes, especialmente vindo de uma instituição financeira que partilha da mesma crença nas capacidades transformadoras da IA que muitas grandes tecnológicas. Nos próximos cinco anos, espera-se que a startup de IA alugue uma capacidade acumulada de centros de dados no valor de 792 mil milhões de dólares (cerca de 748 mil milhões de euros), valor que poderá ascender a 1,4 biliões de dólares (1,3 biliões de euros) até 2033.
Para pagar esta fatura sem precedentes, o HSBC espera que o número de utilizadores da OpenAI atinja os 3 mil milhões em 2030, o que representa cerca de 44 por cento da população adulta mundial, excluindo a China. A previsão é que os chatbots se tornem tão omnipresentes e úteis como as suites de produtividade, como o Microsoft 365, e que 10 por cento dos utilizadores paguem pelo serviço.
Graças a subscrições pagas, publicidade, serviços de agentes de IA e outras iniciativas comerciais, estima-se que a empresa capture 56 por cento de todas as receitas de IA de consumo em 2030, o que o HSBC calcula ser um total de 129 mil milhões de dólares. Surpreendentemente, o maior banco da Europa acredita que a Google não fará parte deste mercado, enquanto a Anthropic, a xAI e outros "players" ainda estarão presentes daqui a cinco anos.
O défice de financiamento
No que toca ao mercado empresarial, espera-se que as receitas de IA atinjam os 386 mil milhões de dólares, com a empresa de Sam Altman a obter uma quota de 37 por cento. Contas feitas, a corporação terá um fluxo de caixa acumulado de 282 mil milhões de dólares em 2030 – mais alguns milhares de milhões provenientes da Nvidia, AMD e outros parceiros. Ainda assim, a empresa terá de lidar com um défice de financiamento de 207 mil milhões de dólares.
O HSBC prevê que a empresa sediada em São Francisco poderá ser forçada a adaptar-se a um certo grau de "flexibilidade" em termos de infraestrutura de IA. O banco afirma que lidar com uma escassez na capacidade de computação é sempre preferível a enfrentar uma crise de liquidez.
Apesar dos sinais crescentes de um possível e devastador rebentamento da bolha financeira da IA, conforme detalhado na análise do TechSpot, o HSBC não perdeu a fé nos "milagres tecnológicos" que a IA generativa e outras tecnologias de machine learning acabarão por alcançar. O banco acredita que a tecnologia de IA tornar-se-á uma parte integral de todos os processos de produção e verticais, trazendo ganhos de produtividade significativos à escala global.










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