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Airbus A380

Em 2018, a gigante da aviação Airbus fez um anúncio que abalou o mundo corporativo europeu: a empresa planeava abandonar o ecossistema da Microsoft Office para adotar integralmente o Google Workspace. Na altura, o então CEO Tom Enders definiu um prazo de 18 meses para concluir a transição. Contudo, hoje, mais de sete anos depois, essa meta continua por cumprir, provando que desenlaçar uma infraestrutura complexa das ferramentas de Redmond é uma tarefa hercúlea.

Segundo informações avançadas pelo The Register, a realidade atual da Airbus é uma espécie de limbo tecnológico. Embora Catherine Jestin, vice-presidente executiva da área digital da empresa, admita agora que o prazo original era "extremamente ambicioso", a verdade é que a migração está longe de ser total. Cerca de dois terços dos 150.000 colaboradores da Airbus já utilizam plenamente as ferramentas da Google, mas departamentos cruciais continuam "presos" ao Office, gerando custos duplicados e desafios de gestão.

O Excel continua a ser o rei das finanças

O principal obstáculo técnico nesta jornada tem um nome conhecido: Excel. Para muitos departamentos da Airbus, especialmente na área financeira, o Google Sheets simplesmente não possui a "musculatura" necessária para lidar com a escala dos dados. A divisão financeira trabalha regularmente com ficheiros massivos que podem atingir os 20 milhões de células, um volume que a solução na nuvem da Google não consegue processar de forma eficiente.

Apesar de a Google estar a trabalhar para expandir estas capacidades, as limitações técnicas obrigam a que equipas inteiras mantenham o Excel como a sua ferramenta diária. Relatos de engenheiros indicam mesmo que, muitas vezes, o trabalho iniciado no Google Sheets acaba por ter de ser exportado e finalizado no Excel devido a falhas de desempenho ou falta de funcionalidades avançadas.

Compatibilidade e segredos militares travam a mudança

Para além da força bruta do processamento de dados, a Airbus enfrenta o desafio da compatibilidade entre os dois mundos. A coexistência de documentos Google e Microsoft gera erros de formatação e quebras de estrutura quando os ficheiros transitam entre plataformas. Departamentos como o jurídico e o comercial, que dependem fortemente da funcionalidade de "registar alterações" (track changes) para a revisão de contratos, consideram que as ferramentas da Google ainda não estão ao nível do Word nesse aspeto. A Google comprometeu-se a atingir 100% de compatibilidade até 2026, uma promessa essencial para manter a Airbus satisfeita.

Existe, no entanto, uma barreira que nenhuma atualização de software poderá resolver a curto prazo: a segurança militar. Uma parte significativa das operações da Airbus envolve dados classificados e segredos industriais que, por regulação, não podem ser alojados em qualquer nuvem pública. Estas divisões estão obrigadas a utilizar software local (on-premise), o que garante a permanência das versões "clássicas" do Office na empresa.

Assim, a Airbus continua a pagar licenças à Microsoft para um número não especificado de utilizadores, mantendo uma operação híbrida que, embora funcional, está longe da visão puramente "Google" prometida há quase uma década.




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