
Desde o lançamento do ChatGPT em 2022, a tecnologia tem vindo a ganhar reputação como a resposta imediata para quase tudo, desde avanços na medicina à gestão energética. No entanto, para Elon Musk, a inteligência artificial (IA) e a robótica representam muito mais do que meras ferramentas de produtividade: são a única forma de salvar os EUA da sua crescente crise financeira.
Numa entrevista concedida ao podcaster Nikhil Kamath, o empresário defendeu que o aumento exponencial da produtividade, impulsionado por estas tecnologias, é "basicamente a única coisa que vai resolver a crise da dívida dos EUA". Atualmente, a dívida pública norte-americana ascende aos 38,34 biliões de dólares (trillions, na escala curta).
Uma dívida insustentável e a via da automação
Durante a conversa, Musk sublinhou a gravidade da situação fiscal do país, apontando um dado alarmante: os pagamentos de juros sobre a dívida nacional já ultrapassam a totalidade do orçamento militar dos Estados Unidos.
"Vocês sabem que, atualmente, a dívida dos EUA é incrivelmente alta, e os pagamentos de juros sobre a dívida excedem todo o orçamento militar, apenas os juros, e isso vai continuar a aumentar, pelo menos a curto prazo", explicou Musk. Para o líder da Tesla e da SpaceX, não existem soluções políticas tradicionais capazes de inverter esta tendência. "Penso que, na verdade, a única coisa que pode resolver a situação da dívida é a IA e a robótica", acrescentou.
Deflação e o fim do trabalho obrigatório
A teoria económica de Musk baseia-se na ideia de que a implementação massiva de automação e inteligência artificial provocará uma deflação significativa. Segundo a sua visão, se a produção de bens e serviços aumentar drasticamente — graças à eficiência das máquinas — a oferta superará a massa monetária, fazendo descer os preços.
"Se a produção de bens e serviços reais aumentar mais lentamente do que a oferta de dinheiro, temos inflação. É simples. Portanto, se tivermos a IA e a robótica a gerar um aumento dramático na produção, provavelmente teremos deflação", argumentou. O magnata foi mais longe, prevendo que este cenário, onde a produção supera a inflação, poderá concretizar-se num prazo de três anos ou menos.
Numa visão quase utópica partilhada noutra parte da entrevista, Musk reiterou que a expansão destas tecnologias poderá tornar o trabalho humano opcional. O cenário descrito envolve uma produtividade tão elevada e um acesso tão generalizado a bens e serviços que ninguém precisaria de trabalhar apenas para cobrir as suas necessidades básicas.
Contudo, esta visão de futuro colide com a realidade imediata de muitas indústrias, onde empresas têm vindo a despedir funcionários para os substituir por sistemas automatizados. Resta saber se a aposta na automação servirá para equilibrar as contas públicas de uma nação ou se, paradoxalmente, aprofundará os desafios sociais através do desemprego em massa.










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