
A discussão sobre se a indústria da Inteligência Artificial está ou não numa bolha financeira continua a aquecer, e desta vez foi Dario Amodei, o CEO da Anthropic, a partilhar a sua visão pragmática e cautelosa. Durante a sua participação no DealBook Summit do The New York Times, o executivo evitou uma resposta binária, mas lançou avisos claros sobre a gestão de risco no setor, deixando críticas veladas a concorrentes como a OpenAI.
Numa intervenção que ficou registada e pode ser vista no YouTube, Amodei explicou que, embora seja otimista quanto ao potencial da tecnologia, existe um perigo real de "erro de timing" por parte de alguns intervenientes no ecossistema, o que pode levar a consequências económicas negativas.
O risco de "YOLO" e a gestão da incerteza
Amodei sublinhou que existe um "risco inerente quando o momento do valor económico é incerto". Segundo o CEO, as empresas são obrigadas a assumir riscos para competir entre si e contra adversários geopolíticos, mas nem todas estão a gerir essa exposição da melhor forma.
Sem mencionar nomes diretamente, Amodei referiu que alguns "jogadores" estão a adotar uma mentalidade de "YOLO" (acrónimo para "You Only Live Once" ou "só se vive uma vez"), puxando o botão do risco demasiado longe. Esta expressão, frequentemente associada a decisões impulsivas e de alto risco, foi utilizada num contexto que sugere uma crítica à postura de Sam Altman e da OpenAI.
Recentemente, a concorrente da Anthropic esteve envolvida numa polémica quando a sua diretora financeira sugeriu que o governo dos EUA deveria garantir os empréstimos de infraestrutura da empresa, comentários que teve de retirar posteriormente. Amodei alertou que aqueles que "gostam de números grandes" ou que têm uma constituição propensa ao risco excessivo podem acabar por se esticar demasiado financeiramente.
A desvalorização do hardware e o crescimento explosivo
Outro ponto crucial abordado foi a questão do hardware de IA, nomeadamente os chips gráficos. Amodei clarificou que o problema não é o tempo de vida físico dos componentes, mas sim a sua rápida obsolescência económica. "O problema é que saem novos chips que são mais rápidos e mais baratos... e, por isso, o valor dos chips antigos pode descer um pouco", explicou.
Apesar da incerteza do mercado, a Anthropic tem registado um crescimento vertiginoso. O CEO revelou que a receita da empresa tem crescido 10 vezes ao ano: passou de zero para 100 milhões de dólares (cerca de 95 milhões de euros) em 2023, saltou para mil milhões de dólares (aprox. 950 milhões de euros) em 2024, e deverá situar-se entre os 8 e os 10 mil milhões de dólares (entre 7,6 e 9,5 mil milhões de euros) até ao final deste ano.
No entanto, Amodei mantém uma postura conservadora no planeamento. O dilema das empresas de IA reside na compra de capacidade de computação: se comprarem pouco, não conseguem servir os clientes; se comprarem demasiado e a procura não acompanhar, enfrentam custos insustentáveis que podem levar à falência. "Nós achamos que vamos ficar bem em, basicamente, quase todos os cenários... não posso falar pelas outras empresas", concluiu.










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