
A tensão entre a rede social X (antigo Twitter) e as instituições europeias atingiu um novo pico de hostilidade. Pouco tempo depois de Bruxelas ter anunciado uma sanção pesada contra a plataforma tecnológica, a empresa liderada por Elon Musk retaliou com o encerramento da conta publicitária da Comissão Europeia, alegando o aproveitamento indevido de falhas técnicas para aumentar o alcance das publicações.
O caso desenrola-se na sequência da decisão da União Europeia aplica multa histórica de 120 milhões de euros ao X de Elon Musk, fundamentada na violação das regras de transparência da Lei dos Serviços Digitais (DSA).
Acusação de "batota" técnica e hipocrisia
A notícia do bloqueio foi avançada diretamente por Nikita Bier, responsável de produto da rede social, que utilizou a própria plataforma para justificar a ação punitiva contra o executivo comunitário. Segundo Bier, a Comissão Europeia terá acedido a uma conta de publicidade inativa para explorar uma vulnerabilidade no "Ad Composer" do X.
O objetivo desta manobra, segundo o responsável, seria publicar uma ligação formatada de forma a parecer um vídeo, uma tática que visa "aumentar artificialmente o seu alcance" e induzir os utilizadores em erro. "A ironia do vosso anúncio", comentou Bier, dirigindo-se diretamente à entidade reguladora, sublinhando que a plataforma defende que "todos devem ter uma voz igual", regra que a Comissão aparentava ignorar.
O responsável esclareceu ainda, em resposta a utilizadores confusos, que o formato utilizado pela Comissão é exclusivo para anúncios pagos e que a entidade não recorria a estes serviços desde 2021. A falha técnica que permitiu esta publicação ainda não tinha sido corrigida, segundo o próprio, porque "nunca ninguém tinha abusado assim dela" até ao momento. Como resultado imediato, a conta de publicidade da Comissão foi encerrada.
Elon Musk ao ataque e a resposta de Bruxelas
O incidente técnico serviu de combustível para a fúria de Elon Musk, que já tinha reagido de forma agressiva à coima aplicada. A origem da discórdia remonta a uma publicação da Comissão Europeia, onde Thomas Regnier, porta-voz para a área tecnológica, explicava as razões da multa: o design enganoso do selo azul de verificação, a falta de transparência no repositório de publicidade e a falha na disponibilização de dados públicos para investigação.
Musk não poupou nas palavras, classificando a decisão como um "disparate" ("bullshit") e apelidando os responsáveis europeus de "tiranos" e "burocráticos". O empresário chegou a sugerir que a União Europeia deveria ser abolida para devolver a soberania a cada país, referindo-se à estrutura como um "mero regime burocrático inventado pelos socialistas e comunistas".
O proprietário do X alegou ainda que a multa visava não apenas a empresa, mas a sua pessoa, uma afirmação prontamente desmentida por Bruxelas. Thomas Regnier esclareceu que a decisão "foi dirigida a toda a estrutura corporativa e não tem nada a ver com o próprio senhor Elon Musk", reforçando que a DSA se aplica de igual forma a todas as plataformas que operam na região, sejam elas norte-americanas, chinesas ou europeias.
Do outro lado do Atlântico, a decisão europeia também gerou reações políticas, com Marco Rubio, secretário de Estado dos EUA, a classificar a multa como um "ataque a Washington" por governos estrangeiros.










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