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pipocas de cinema

É uma daquelas conclusões que vai contra tudo o que a indústria de Hollywood defende há décadas. A crença geral é que a partilha ilegal de ficheiros causa prejuízos de milhares de milhões e é, na sua essência, prejudicial. No entanto, um novo estudo académico veio agitar as águas, sugerindo que, em condições muito específicas, a pirataria pode, na verdade, impulsionar a venda de bilhetes de cinema.

A investigação, conduzida por académicos da Universidade de Monash e da Universidade Estatal de San José, e publicada na revista científica Research Policy, analisou dados de bilheteira nos EUA e cruzou-os com o histórico de uploads do The Pirate Bay entre 2004 e 2020. A conclusão? O impacto dos downloads ilegais não é igual para todos os filmes.

Espetáculo visual vs. Narrativa focada

Para chegarem a estes resultados, os investigadores dividiram as longas-metragens em duas categorias distintas: filmes de "Espetáculo" e filmes de "História".

Os filmes de "Espetáculo" são aqueles onde a experiência na sala de cinema acrescenta um valor significativo. Falamos de grandes produções com efeitos visuais deslumbrantes e som imersivo, como é habitual nos sucessos da Marvel ou filmes de ação intensos. Por outro lado, os filmes de "História", como dramas e comédias românticas, dependem muito mais do diálogo, do guião e da representação — qualidades que podem ser apreciadas quase da mesma forma num portátil ou numa televisão.

A análise dos dados revelou um fenómeno curioso. Enquanto a partilha ilegal prejudica dramas e comédias, parece funcionar como uma ferramenta promocional para os filmes de espetáculo, levando o público a sair de casa para ir ao cinema.

Os números são expressivos: o estudo estima que o lançamento de cópias piratas de alta qualidade aumenta a receita semanal de bilheteira em aproximadamente 24,4% para os filmes de espetáculo. É o efeito inverso do esperado. Já para os filmes focados na história, a regra mantém-se, com a pirataria a provocar uma queda de 26,6% nas receitas.

Wendy Bradley, coautora do estudo, explica que assistir a uma cópia pirata pode convencer as pessoas de que o "verdadeiro valor do filme vem da experiência cinematográfica partilhada", funcionando como um "empurrão" para a compra do bilhete.

A qualidade da cópia é decisiva

Há, no entanto, um detalhe técnico fundamental nesta equação: a qualidade do ficheiro. Os efeitos positivos nas receitas de bilheteira são exclusivos para fugas de informação de "Alta Qualidade" (como rips de BluRay ou HD).

Quando se trata de versões de baixa qualidade, como os famosos "CAM rips" (filmagens feitas com câmara dentro da sala de cinema), o cenário é negro para todos. O estudo concluiu que estas versões de má qualidade prejudicam consistentemente as receitas de bilheteira em todos os géneros, com uma queda média de 24%.

A investigação sugere uma mudança de paradigma para os estúdios. Em vez de focarem todos os recursos em processos legais e combate à violação de direitos de autor, a estratégia poderá passar por investir na experiência de sala que é difícil de replicar em casa.

Numa era onde os serviços de streaming como a Netflix competem pela atenção do espetador, a diferenciação torna-se a chave. Como conclui o estudo, a pirataria não vai desaparecer, pelo que os estúdios devem desenhar e lançar os seus filmes de forma estratégica, tornando o valor da ida ao cinema algo insubstituível.




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