
A Digi continua a sua marcha para conquistar o mercado português. A operadora romena encerrou o terceiro trimestre de 2025 com um total de 813.000 serviços ativos, consolidando a sua presença no território nacional um ano após o início das operações.
Os números revelam um crescimento constante, impulsionado não só pela adesão de novos clientes, mas também pela incorporação da Nowo. No segmento móvel, a Digi contabilizava 443.000 clientes no final de setembro, um aumento de 23.000 face ao trimestre anterior. Já na internet fixa, o número subiu para 150.000 subscritores.
A aquisição da Nowo foi uma peça chave neste puzzle, injetando automaticamente cerca de 270.000 clientes móveis e 130.000 fixos na base de dados da operadora. Curiosamente, nem todos os serviços estão a crescer: o telefone fixo, outrora indispensável nas casas portuguesas, caiu mais de 6% apenas neste trimestre, refletindo a mudança nos hábitos de consumo.
Receitas baixas e prejuízos elevados
Se o número de clientes impressiona, as contas da empresa contam uma história diferente sobre o custo de entrar num mercado tão competitivo com preços agressivos. Nos primeiros nove meses de 2025, a operação em Portugal gerou receitas de 52,5 milhões de euros, mas as despesas operacionais dispararam para os 88,2 milhões de euros.
Em termos práticos, a Digi está a gastar muito mais do que fatura para manter a operação. O EBITDA (lucros antes de juros, impostos, depreciações e amortizações) é negativo em 110 milhões de euros.
Um dado preocupante para a sustentabilidade a longo prazo é a receita média por utilizador (ARPU). O valor mensal que cada cliente deixa na operadora caiu para apenas 6,9€, uma descida face aos 7,1€ do segundo trimestre e 7,7€ do arranque do ano. Esta queda é um reflexo direto da estratégia de preços baixos da marca para ganhar quota de mercado.
Infraestrutura e expansão no terreno
Para sustentar este crescimento, a Digi continua a investir forte na infraestrutura. A operadora já conta com cerca de 4.500 torres de telecomunicações para a rede móvel e a sua rede fixa chega agora a 1,1 milhões de casas em Portugal.
A presença física também foi reforçada, com a abertura de mais de 50 lojas de norte a sul do país. Um dos destaques recentes foi a melhoria da cobertura em zonas críticas, como o Metro do Porto, onde já foram instaladas antenas em 14 estações, com o objetivo de cobrir toda a rede até ao final do ano.
Serghei Bulgac, CEO da Digi Communications, descreve a entrada em Portugal com um "sentimento misto". Embora reconheça a "grande conquista industrial" de montar uma rede desta dimensão em tempo recorde, os resultados financeiros mostram que o caminho até à rentabilidade será longo. O gestor afirma, no entanto, que o pico do investimento — que já somou mais de 67 milhões em licenças 5G e 150 milhões na compra da Nowo — já ficou para trás, prevendo-se agora uma fase de consolidação e atualização das redes.










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