
O suporte para o codec AV1 tem registado um crescimento notável desde o seu lançamento em 2018. Tanto grandes plataformas como serviços menores adotaram rapidamente o formato com o objetivo de minimizar o consumo de largura de banda, preservando, simultaneamente, a qualidade de imagem. A Netflix, uma das principais impulsionadoras desta tecnologia, confirmou agora que o AV1 é responsável por quase um terço do seu conteúdo de streaming.
Numa publicação técnica detalhada, a Netflix explicou como ajudou a fomentar a criação do codec e descreveu o processo da sua adoção gradual numa vasta gama de dispositivos.
A evolução e adoção do formato
A Alliance for Open Media (AOMedia), um consórcio que inclui gigantes como a Amazon, Apple, Google, Microsoft, Mozilla e Nvidia, lançou o AV1 em 2018 como sucessor do formato VP9 da Google. O codec destaca-se por comprimir dados de forma mais eficiente do que o popular H.264 e por ser isento de royalties, ao contrário do H.265/HEVC.
A Netflix iniciou a adoção da descodificação por software do AV1 em dispositivos Android em 2020, tirando partido da flexibilidade da plataforma e da predominância dos telemóveis entre a audiência de streaming. Utilizando a biblioteca dav1d, otimizada para chipsets móveis Arm, a empresa conseguiu melhorar a qualidade de reprodução de vídeo para utilizadores em redes móveis.
No entanto, levar o AV1 para as Smart TVs e outros dispositivos domésticos exigiu descodificação baseada em hardware, o que a Netflix certificou gradualmente em colaboração com fabricantes de chips. A empresa implementou o codec em televisores no final de 2021, adicionou suporte para navegadores web em 2022 e estendeu-o aos chips M3 e A17 Pro da Apple em 2023.
Funcionalidades avançadas e o futuro com a Warner Bros.
No início deste ano, a Netflix lançou o streaming AV1 HDR utilizando HDR10+. O formato cobre agora 85% do catálogo HDR da empresa, que planeia transitar todo o seu conteúdo HDR para AV1 nos próximos meses.
A empresa detalhou ainda como o AV1 permite uma integração mais inteligente do grão de filme através da Film Grain Synthesis. Esta técnica remove o grão do conteúdo antes da codificação e ressintetiza-o no descodificador, reduzindo o uso de largura de banda enquanto mantém a qualidade visual. A empresa espera também que o codec melhore o live streaming e o desempenho em jogos na nuvem.
Olhando para o futuro, a AOMedia anunciou planos para lançar o AV2 antes do final deste ano. O novo codec promete uma compressão ainda mais eficiente, suportando tecnologias como realidade aumentada e virtual. Esta atualização chegará num momento crucial, dado que a Netflix começará a processar novos e antigos conteúdos da Warner Bros. Recorde-se que a titã do streaming acordou recentemente a compra da produtora num negócio histórico de 82,7 mil milhões de dólares (aproximadamente 78 mil milhões de euros), garantindo o controlo sobre propriedades populares como Game of Thrones, DC Comics e HBO.










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