A corrida pela supremacia quântica acaba de ganhar um novo capítulo em terras britânicas. A Google e o Centro Nacional de Computação Quântica (NQCC) do Reino Unido oficializaram uma parceria estratégica que promete abrir as portas do poderoso processador Willow à comunidade científica local. Esta iniciativa visa acelerar a descoberta de aplicações práticas para uma tecnologia que, até há pouco tempo, parecia ficção científica.
Anunciada a 12 de dezembro, esta colaboração permitirá que cientistas e consórcios de investigação britânicos submetam propostas para utilizar o chip quântico de 105 qubits da gigante tecnológica. O objetivo é claro: transformar a computação quântica de uma curiosidade de laboratório numa ferramenta capaz de resolver problemas reais.
Um salto quântico para a investigação
O processador Willow, revelado pela Google em dezembro de 2024, representa um marco significativo na área, tendo demonstrado a capacidade de reduzir erros exponencialmente à medida que mais qubits são adicionados — um desafio que a indústria persegue há quase três décadas. Segundo a empresa, este chip conseguiu realizar um cálculo de referência em menos de cinco minutos, uma tarefa que demoraria uns impressionantes 10 septilhões de anos aos supercomputadores mais rápidos da atualidade.
Agora, através desta parceria, as equipas de investigação do Reino Unido têm até 31 de janeiro de 2026 para apresentar propostas de "projetos inovadores de alto impacto". Os grupos selecionados não só terão acesso ao hardware de ponta, como trabalharão lado a lado com especialistas da Google para desenhar e conduzir as suas experiências.
Para apoiar este esforço, o NQCC fornecerá suporte técnico e bolsas de investigação para financiar o tempo dos cientistas envolvidos. Paul Stevenson, professor da Universidade de Surrey, destacou à BBC que esta oportunidade coloca os investigadores britânicos numa "posição invejável", ao mesmo tempo que permite à Google beneficiar do talento académico local.
Investimento e futuro da tecnologia
Esta iniciativa não surge isolada, mas sim num contexto de forte aposta financeira. A colaboração baseia-se no investimento de 5 mil milhões de libras (cerca de 6 mil milhões de euros) que a Google anunciou em setembro de 2025 para a economia de IA do Reino Unido. Além disso, o próprio governo britânico comprometeu-se, em junho de 2025, com um financiamento de 670 milhões de libras (aproximadamente 800 milhões de euros) a dez anos para o desenvolvimento do setor quântico.
A infraestrutura local também está a crescer, com o NQCC a hospedar atualmente sete computadores quânticos de empresas como a Quantum Motion, ORCA e Oxford Ionics. O setor tem atraído capital significativo, com a Quantinuum a atingir uma avaliação de 10 mil milhões de dólares em setembro de 2025.
Para os interessados em participar nesta nova fase de descoberta, o NQCC irá realizar um webinar informativo no dia 8 de janeiro de 2026, onde serão detalhados os processos de candidatura, tal como indicado no comunicado oficial do NQCC.
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