O panorama da Inteligência Artificial está a sofrer alterações significativas neste final de 2025. O chatbot Gemini, a aposta central da gigante tecnológica de Mountain View, conquistou 14% da quota de mercado global de IA até dezembro, alcançando a marca impressionante de 400 milhões de utilizadores.
Este crescimento acentuado, que regista uma taxa de subida de 70%, sinaliza uma competição cada vez mais feroz no setor da IA generativa. Segundo os dados divulgados a 15 de dezembro pelo relatório "2025 Year in Review" da Cloudflare e citados pela Yahoo Finance, este avanço coloca a ferramenta da Google solidamente na segunda posição mundial, ultrapassando rivais como o Claude e o Perplexity, embora ainda permaneça atrás do líder de mercado.
A corrida contra o ChatGPT
Apesar do crescimento explosivo da concorrência, o ChatGPT continua a manter a sua posição dominante, detendo entre 60% a 62% da quota de mercado e servindo aproximadamente 810 milhões de utilizadores ativos mensais. No entanto, os sinais de alerta começam a surgir para a OpenAI, uma vez que o seu ritmo de adoção abrandou consideravelmente.
Entre agosto e novembro de 2025, a base de utilizadores mensais do ChatGPT cresceu apenas 5%, um contraste forte face ao salto de 30% registado pelo concorrente da Google no mesmo período, que atingiu os 346 milhões de utilizadores segundo dados da Sensor Tower. Além disso, o tráfego web da solução da Google duplicou nesse intervalo de tempo, enquanto o do líder de mercado subiu apenas 1%.
Esta pressão competitiva levou Sam Altman, CEO da OpenAI, a declarar um "código vermelho" no início de dezembro, instando a equipa a focar-se na melhoria do produto para estancar a perda de terreno no mercado de consumo.
O fator humano e a infraestrutura técnica
Parte deste sucesso é atribuído ao regresso de Sergey Brin, cofundador da empresa, que saiu da sua semi-reforma para se envolver pessoalmente no desenvolvimento técnico do projeto. Analistas sugerem que a sua presença ajudou a acelerar o desenvolvimento e o lançamento de novas funcionalidades.
Do lado do hardware, o desenvolvimento foi impulsionado pelas Unidades de Processamento Tensor (TPUs) proprietárias. A sexta geração, conhecida como Trillium, oferece quatro vezes a velocidade de treino das versões anteriores com uma maior eficiência energética. Estes chips foram fundamentais para treinar o modelo Gemini 2.0, lançado no final de 2024, bem como as versões subsequentes 2.5 e Gemini 3.
Integração no ecossistema e desafios na pesquisa
A estratégia de integração profunda provou ser decisiva. O assistente de IA está agora embutido no Android, no YouTube e nos produtos Workspace, garantindo acesso imediato a milhares de milhões de utilizadores já existentes no ecossistema. Em novembro, a empresa reportou que mais de 2 mil milhões de pessoas acederam a resultados de pesquisa gerados por IA mensalmente.
Contudo, este foco na inteligência artificial surge num momento em que o negócio tradicional de pesquisa da empresa enfrenta desafios históricos. Pela primeira vez desde 2015, a quota de mercado global da pesquisa caiu abaixo dos 90%, situando-se nos 89,6% no final de 2024, fruto da pressão exercida por motores de busca nativos de IA e pelo crescimento de concorrentes como o Bing.
Nenhum comentário
Seja o primeiro!