
A história repete-se, desta vez no Oriente. Seguindo um guião muito semelhante ao que vimos na Europa com a Lei dos Mercados Digitais (DMA), a Apple anunciou oficialmente as alterações que irá implementar no seu sistema operativo móvel no Japão. A medida surge como resposta direta à nova legislação do país, que visa promover a concorrência nos ecossistemas digitais, forçando a gigante de Cupertino a permitir lojas de aplicações alternativas e novos métodos de pagamento.
A partir de agora, os programadores no Japão terão a liberdade de distribuir as suas aplicações fora da App Store oficial, através de mercados de terceiros. A AltStore PAL, uma das alternativas mais conhecidas que surgiu na Europa, já confirmou que planeia lançar a sua plataforma no mercado japonês antes do final do ano, aproveitando esta abertura histórica.
Taxas, comissões e "avisos de segurança"
Embora a abertura seja real, a Apple mantém um controlo financeiro rigoroso sobre o ecossistema. Conforme detalhado no comunicado oficial da Apple, a empresa continuará a cobrar comissões, mesmo quando as transações ocorrem fora da sua alçada direta.
Para as aplicações distribuídas em lojas de terceiros, a marca da maçã irá cobrar uma "taxa de tecnologia base" ou comissão que ronda os 5%. Já para as aplicações que permaneçam na loja oficial mas optem por utilizar sistemas de pagamento alternativos, a Apple cobrará uma taxa que pode ir até aos 21% por transação. Caso a compra seja efetuada através de um link web externo (redirecionando o utilizador para fora da app), a comissão fixa-se nos 15%.
Além das questões financeiras, a experiência do utilizador também sofrerá alterações. A Apple confirmou que irá apresentar ecrãs de aviso ("scare screens") aos utilizadores sempre que estes tentarem descarregar uma loja alternativa ou utilizar um método de pagamento externo, alertando para os potenciais riscos de segurança e privacidade, uma tática que tem sido amplamente criticada pelos programadores.
Epic Games mantém o boicote
Estas condições não agradaram a todos, e a Epic Games foi rápida a reagir. Tim Sweeney, CEO da criadora do motor Unreal Engine, criticou duramente a implementação da Apple, apontando as taxas e os avisos de segurança como barreiras artificiais que minam o espírito da lei.
Como consequência, Sweeney confirmou que, para já, o popular jogo Fortnite não regressará ao iOS no Japão. A empresa argumenta que as taxas impostas tornam o modelo de negócio inviável e que a "abertura" anunciada é, na prática, condicionada por termos comerciais que perpetuam o domínio da Apple sobre as transações digitais. Este novo episódio marca mais um capítulo na longa batalha antitrust entre as duas tecnológicas, que recentemente viu a Apple perder um recurso nos Estados Unidos sobre questões semelhantes.










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