
A Tesla está a pedir aos seus acionistas que aprovem um novo e controverso prémio de ações para Elon Musk, avaliado em cerca de 29 mil milhões de dólares (aproximadamente 27 mil milhões de euros). O objetivo é incentivar o bilionário a permanecer no comando da empresa, numa altura em que esta enfrenta uma prolongada batalha legal e uma acentuada crise de imagem e vendas.
Um incentivo em tempos de crise
A proposta surge depois de um tribunal do Delaware ter anulado, no ano passado, o pacote de remuneração original de Musk, avaliado em mais de 50 mil milhões de dólares. A decisão judicial considerou que o acordo era injusto para os acionistas e que Musk tinha exercido uma influência indevida na sua elaboração. Apesar de os acionistas terem votado duas vezes a favor do pacote, a juíza manteve a sua decisão de o bloquear, levando a Tesla a recorrer para o Supremo Tribunal do Delaware.
Agora, a administração da empresa argumenta que a liderança de Musk é indispensável, afirmando que a Tesla está prestes a tornar-se líder em inteligência artificial e robótica. No entanto, a posição da empresa no mercado parece mais instável do que nunca. O apoio de Musk ao Presidente Donald Trump e o seu envolvimento no Departamento de Eficiência Governamental, com o objetivo de despedir milhares de funcionários federais e cancelar programas de ajuda humanitária, desencadearam protestos a nível nacional e uma queda abrupta nas vendas. As ações da Tesla já perderam mais de 20% do seu valor este ano.
A visão do conselho de administração
Apesar dos desafios, o conselho de administração da Tesla, liderado por Robyn Denholm, considera a continuidade de Musk essencial. Foi criado um comité especial, composto por Denholm e pela administradora Kathleen Wilson-Thompson, para encontrar novas formas de compensar o CEO que, segundo a empresa, "não recebe uma compensação significativa há oito anos".
"Embora reconheçamos que os empreendimentos comerciais, interesses e outras potenciais exigências sobre o seu tempo e atenção são extensos... estamos confiantes de que este prémio irá incentivar Elon a permanecer na Tesla e a focar as suas capacidades de liderança inigualáveis na criação de valor para os acionistas", escreveram numa carta enviada aos acionistas. Para evitar duplicações, a administração garante que, se os tribunais restabelecerem o pacote de 2018, esta nova concessão será anulada. Ao aceitar as novas ações, Musk comprometer-se-ia a liderar a Tesla até 2027.
Desafios no horizonte e o desejo de controlo
Após anos de crescimento exponencial, a súbita inversão na sorte da Tesla deixou muitos investidores apreensivos. Com o aprofundar do envolvimento de Musk na política, aumentaram os apelos para que este se concentrasse nos projetos dispendiosos e questionáveis da empresa, como os carros autónomos e os robôs humanoides. O primeiro serviço de robotáxi, lançado em Austin, no Texas, não correspondeu às previsões, o Cybertruck tem sido amplamente visto como um fracasso e a concorrência das fabricantes tradicionais, especialmente as chinesas, está a esgotar os recursos da Tesla.
Atualmente, Musk é o maior acionista da Tesla, com uma participação de 13%. No entanto, o CEO já afirmou que deseja maior controlo sobre a empresa para poder influenciar a sua missão. "Quero ter a certeza de que o meu controlo na Tesla é suficiente para garantir que segue na direção certa, mas não tanto que não possa ser despedido se enlouquecer", afirmou Musk numa recente chamada de resultados.
Os acionistas irão votar sobre o novo acordo na sua reunião anual, agendada para o dia 6 de novembro.










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