
Parece que o "divórcio" tecnológico entre a Apple e a Intel pode não ter sido definitivo. Após a gigante de Cupertino ter abandonado os processadores da Intel em favor dos seus próprios chips Apple Silicon, surgem agora novos rumores que indicam uma reaproximação estratégica entre as duas empresas norte-americanas, desta vez com um foco diferente: a produção.
Segundo informações avançadas pelo analista Jeff Pu, da GF Securities, e reportadas pelo Phandroid, a Intel está em negociações para assumir o papel de fabricante de processadores para os futuros modelos padrão do iPhone a partir de 2028.
O regresso gradual começa em 2027
Ao contrário da antiga parceria, onde a Intel fornecia os seus próprios designs de processadores x86, este novo acordo colocaria a empresa no papel de "foundry" (fundição/fábrica). Ou seja, a Apple continuaria a desenhar os seus chips com arquitetura Arm, enquanto a Intel trataria apenas do fabrico físico dos componentes, um modelo de negócio semelhante ao que existe atualmente com a TSMC.
O plano, segundo as fontes, envolve uma implementação faseada para garantir a qualidade. A parceria deverá arrancar em 2027, não com o iPhone, mas sim com a produção de chips da série M de entrada, destinados a computadores Mac e iPads. Esta fase inicial serviria como um teste de validação do processo de fabrico da Intel.
Estima-se que o volume inicial ronde os 15 a 20 milhões de unidades. A Intel estaria a utilizar o seu processo de fabrico 18A-P, focado em litografias abaixo de 2 nm. Atualmente, as taxas de rendimento (yield rates) deste processo situam-se entre os 60% e 65%, com a empresa a apontar para uma meta de 70% até ao final do ano. Embora sejam números promissores, ainda estão um pouco abaixo da consistência lendária da TSMC.
Diversificação longe de Taiwan
Esta movimentação da Apple não é apenas técnica, mas profundamente estratégica. Atualmente, a empresa depende quase exclusivamente da TSMC, cujas fábricas principais estão localizadas em Taiwan. A possibilidade de fabricar chips em solo norte-americano, através das instalações da Intel, permitiria à Apple reduzir riscos geopolíticos e responder a pressões governamentais para a produção interna de semicondutores.
Se os testes de 2027 forem bem-sucedidos, a Intel passaria então a fabricar os processadores da série A para os modelos "não-Pro" do iPhone em 2028. Os modelos Pro, que exigem a tecnologia de ponta mais fiável e madura disponível, deverão continuar a ser produzidos pela TSMC num futuro próximo.
Esta abordagem de diversificação de fornecedores não é nova na indústria e segue estratégias semelhantes adotadas por outras gigantes como a Samsung e a Xiaomi, que frequentemente testam novos parceiros em linhas de produtos de menor risco antes de fazerem transições completas. Resta saber se a Intel conseguirá cumprir os rigorosos padrões de qualidade e volume exigidos pela Apple para selar este regresso histórico.










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