A corrida espacial está prestes a ganhar uma nova dimensão financeira. Dados recentes indicam que o serviço de internet via satélite de Elon Musk não só duplicou o seu tráfego no último ano, como se tornou a peça central para o que promete ser a maior oferta pública inicial (IPO) da história.
Segundo informações avançadas pelo Space.com, a SpaceX está a preparar o terreno para entrar na bolsa em 2026, com uma avaliação colossal que poderá redefinir os mercados globais.
Crescimento exponencial e domínio global
De acordo com o relatório anual "Year in Review" divulgado pela Cloudflare a 15 de dezembro, o tráfego global de internet gerado pela Starlink cresceu 2,3 vezes durante o ano de 2025. Este aumento expressivo reflete a expansão agressiva do serviço, que chegou a mais de 20 novos países e regiões no último ano.
Os números de utilizadores acompanham esta tendência de subida vertical. A empresa reportou ter ultrapassado a barreira dos 8 milhões de clientes ativos em novembro de 2025, o dobro dos 4 milhões registados em setembro de 2024. Atualmente, o serviço já se encontra disponível em mais de 150 mercados.
O relatório da Cloudflare destaca ainda casos de sucesso notáveis, como o do Botsuana, onde o tráfego cresceu quase 300% em termos anuais após o lançamento local em agosto de 2024. O setor da aviação também se rendeu à conectividade via satélite, com cerca de 23 companhias aéreas a anunciarem planos para integrar a Starlink. A Emirates iniciou a implementação em 232 aeronaves a partir de 23 de novembro, juntando-se ao International Airlines Group (proprietário da British Airways, Iberia e Aer Lingus), que anunciou instalações em mais de 500 aviões.
O maior IPO da história a caminho
A confirmação oficial chegou a 10 de dezembro, pela voz do próprio Elon Musk, validando as análises que apontam para uma entrada em bolsa em 2026. A ambição é, no mínimo, astronómica: a SpaceX almeja uma avaliação de aproximadamente 1,5 biliões de dólares (cerca de 1,44 biliões de euros).
O objetivo é angariar mais de 30 mil milhões de dólares com esta operação, um valor que, se concretizado, superará o atual recorde mundial de 29 mil milhões de dólares estabelecido pela petrolífera Saudi Aramco em 2019. A listagem está prevista para meados ou final de 2026.
Este capital fresco terá destinos muito específicos e futuristas: financiar a construção de centros de dados espaciais, instalações na Lua e as tão desejadas missões a Marte. Musk sublinhou que a Starlink é, de longe, o maior motor financeiro da empresa. Para se ter uma ideia da escala, os contratos com a NASA deverão representar menos de 5% da receita total no próximo ano.
As projeções financeiras são igualmente robustas, com a SpaceX a apontar para uma receita de aproximadamente 15 mil milhões de dólares em 2025, valor que deverá saltar para entre 22 e 24 mil milhões em 2026, impulsionado maioritariamente pela constelação de satélites. Esta operação marcará uma mudança de paradigma para a empresa fundada em 2002, que se manteve privada durante mais de duas décadas.
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