
As autoridades norte-americanas desferiram um novo golpe contra a infraestrutura financeira do cibercrime. Numa operação coordenada, o FBI encerrou o serviço E-Note, uma plataforma de câmbio de moedas virtuais acusada de facilitar o branqueamento de dezenas de milhões de dólares provenientes de atividades ilícitas.
A operação resultou na apreensão dos servidores, aplicações móveis e domínios associados ao serviço, incluindo o "e-note.com". Segundo a investigação, esta plataforma servia como uma espécie de "máquina de lavar" digital para criminosos, permitindo limpar fundos obtidos ilegalmente e dificultando o rastreio por parte das autoridades.
Uma década de operações ilícitas
De acordo com a acusação, o E-Note e a sua rede de "money mules" movimentaram mais de 70 milhões de dólares (cerca de 67 milhões de euros) em fundos ilícitos desde 2017. No entanto, os registos indicam que a atividade suspeita remonta a pelo menos 2010. A plataforma era alegadamente utilizada por grupos organizados, incluindo gangues dedicados ao roubo de contas e operadores de ransomware, que procuravam converter os seus ganhos digitais em dinheiro vivo ou outros ativos menos rastreáveis.
Ao contrário das plataformas de câmbio regulamentadas, o E-Note operava sem licença e praticamente sem quaisquer controlos de combate ao branqueamento de capitais. Esta falta de escrutínio tornava o serviço particularmente atrativo para cibercriminosos que atacavam infraestruturas críticas e o setor da saúde.
Acusações contra operador russo
A par do desmantelamento da infraestrutura técnica, foi revelada a acusação contra Mykhalio Petrovich Chudnovets, um cidadão russo de 39 anos. As autoridades identificam-no como o operador e controlador do E-Note, acusando-o de conspiração para o branqueamento de instrumentos monetários.
A investigação permitiu às autoridades norte-americanas obter cópias dos servidores de Chudnovets, incluindo bases de dados de clientes e registos de transações, o que poderá levar à identificação de outros criminosos que utilizavam a plataforma. Se for condenado, Chudnovets enfrenta uma pena que pode ir até aos 20 anos de prisão, embora permaneça atualmente a monte.
Esta ação enquadra-se numa estratégia mais ampla das autoridades para atacar não apenas os hackers, mas também os serviços intermediários que permitem lucrar com o crime digital, conforme detalhado no comunicado oficial do Departamento de Justiça dos EUA. O objetivo é aumentar o risco e a dificuldade para os criminosos converterem os seus ativos digitais em moeda fiduciária utilizável.










Nenhum comentário
Seja o primeiro!