
Depois de uma longa espera, a Mozilla prepara-se para encurtar a distância para o Chrome no que toca ao desempenho gráfico no browser. O WebGPU, a moderna API que permite aos programadores aceder diretamente ao poder das placas gráficas, será finalmente suportado no Firefox 141, cujo lançamento está agendado para 22 de julho. Este passo representa um marco importante para o browser, abrindo a porta a jogos e aplicações 3D complexas com um desempenho nunca antes visto.
Uma janela para gráficos de nova geração
Para quem não está familiarizado, o WebGPU é um sucessor espiritual do WebGL e oferece uma linha de comunicação muito mais direta e eficiente com a GPU de um computador. Isto traduz-se em aplicações web, especialmente jogos e modelos 3D interativos, capazes de correr com uma fluidez e detalhe gráfico muito superiores. O Chrome introduziu esta tecnologia na sua versão 113, em 2023, deixando os utilizadores do Firefox a aguardar por paridade.
Este lançamento inicial focar-se-á exclusivamente no sistema operativo Windows. A Mozilla já confirmou, no entanto, que o suporte para Mac, Linux e Android está nos planos para os próximos meses. O coração técnico desta implementação é o WGPU, uma interface desenvolvida em Rust que traduz os pedidos da web para as APIs nativas do sistema, seja Direct3D 12 no Windows, Metal no macOS ou Vulkan no Linux.
Porque demorou tanto tempo?
A demora na adoção de novos padrões pela Mozilla tem sido um ponto de debate aceso em várias comunidades online, com muitos utilizadores a apontarem esta lentidão como o principal obstáculo para trocarem o Chrome pelo Firefox. Em plataformas como o Reddit, não faltam comentários de utilizadores frustrados, com alguns a especularem cinicamente sobre a gestão de recursos da Mozilla.
No entanto, a realidade é consideravelmente mais complexa. Numa publicação oficial, a equipa GFX da Mozilla sublinha que a implementação de uma API gráfica de forma segura e estável é uma tarefa de enorme complexidade, o que justifica o tempo adicional de desenvolvimento para garantir que tudo funciona como esperado.
O caminho ainda por percorrer
A equipa da Mozilla reconhece que, apesar do lançamento iminente, ainda há trabalho a ser feito. Por exemplo, foi identificado um bug relacionado com a comunicação entre processos que afeta o desempenho, cuja correção está já planeada para o Firefox 142. Estão também a ser desenvolvidos métodos mais eficientes para monitorizar a conclusão de tarefas na GPU, de forma a reduzir a latência. Além disso, a capacidade de usar frames de vídeo descodificados diretamente como texturas (através de importExternalTexture) ainda não foi implementada.
O WebGPU não é a única frente em que o Firefox se encontra em recuperação. Outras funcionalidades populares, como o suporte nativo para Progressive Web Apps (PWAs), a View Transitions API para transições de página mais suaves e a WebUSB, continuam ausentes do browser da raposa. Este lançamento é, sem dúvida, um passo na direção certa, mas a jornada para a paridade total de funcionalidades continua.