
A plataforma de newsletters Substack viu-se novamente envolvida numa controvérsia relacionada com conteúdo de supremacia branca, depois de esta semana ter enviado uma notificação push a alguns utilizadores a promover uma newsletter Nazi. A empresa já classificou a situação como um erro "extremamente ofensivo e perturbador".
Um erro grave e perturbador
A newsletter em questão, que se descreve como "uma newsletter semanal Nacional Socialista", inclui "opiniões e notícias importantes para a comunidade Nacional Socialista e Nacionalista Branca". O incidente, avançado pelo User Mag, gerou uma onda de críticas, especialmente por se tratar de um blog com uma audiência residual de cerca de 757 subscritores.
Em resposta, um porta-voz do Substack pediu desculpas pelo sucedido. "Descobrimos um erro que fez com que algumas pessoas recebessem notificações push que nunca deveriam ter recebido", afirmou a empresa. "Em alguns casos, estas notificações eram extremamente ofensivas ou perturbadoras. Foi um erro grave e pedimos desculpa pelo transtorno que causou. Colocámos o sistema em causa offline, diagnosticámos o problema e estamos a fazer alterações para garantir que não volta a acontecer." A empresa não forneceu, no entanto, mais detalhes sobre a origem da falha técnica.
Uma polémica que não é nova
Este episódio recorda a controvérsia semelhante que a plataforma enfrentou em 2023. Na altura, uma investigação da revista The Atlantic revelou a existência de "dezenas" de newsletters de supremacistas brancos, neo-confederados e Nazis na plataforma, algumas das quais monetizadas.
A política do Substack tem sido a de evitar a censura. "Quero deixar claro que também não gostamos de Nazis — desejávamos que ninguém tivesse essas visões", escreveu o co-fundador Hamish McKenzie em dezembro de 2023. "Mas algumas pessoas têm essas e outras visões extremas. Tendo isso em conta, não achamos que a censura (incluindo através da desmonetização de publicações) faça o problema desaparecer — na verdade, torna-o pior."
Após semanas de cobertura mediática negativa e da saída de autores proeminentes, o Substack cedeu parcialmente, removendo cinco publicações que, segundo a empresa, violavam as diretrizes existentes por incitarem à violência.
Críticas à moderação de conteúdos
Para alguns críticos, a medida foi insuficiente. Casey Newton, da Platformer, uma das vozes que abandonou o Substack durante o episódio, argumentou que a empresa precisava de assumir maior responsabilidade. "Toda a plataforma aloja a sua quota-parte de racistas, nacionalistas brancos e outras personalidades nocivas", escreveu Newton no início de 2024. "Mas devia haver formas de os ver menos; de os recomendar menos; de os financiar menos. Outras plataformas perceberam isto à medida que amadureceram. Esperemos que o Substack faça o mesmo."
Apesar das polémicas, o Substack consolidou-se como um refúgio para criadores de conteúdo independentes e jornalistas que procuram construir uma audiência fora dos meios de comunicação tradicionais. Nos últimos anos, a plataforma adicionou funcionalidades sociais, vídeo em direto e um formato de vídeo vertical semelhante ao do TikTok, tendo recentemente angariado 100 milhões de dólares em financiamento.