
O mundo das distribuições de Linux parece estar a perder alguns dos seus projetos mais especializados. Pouco tempo depois da Intel ter anunciado o fim do Clear Linux, é a vez do Kaisen Linux, outra distro focada num público específico, anunciar o seu encerramento.
O anúncio foi feito pelo próprio criador, Kevin Chevreuil, numa publicação no blogue oficial do projeto, onde explica que a decisão se deve à necessidade de se dedicar a novos projetos pessoais e profissionais que consomem uma parte considerável do seu tempo. Assim, a recém-lançada versão Rolling 3.0 será a última de sempre.
O que era o Kaisen Linux?
Para quem não conhecia, o Kaisen Linux era uma distribuição desenhada de raiz para profissionais de TI. Vinha equipada com um vasto conjunto de ferramentas dedicadas à recuperação de sistemas, administração de redes e diagnósticos complexos.
Oferecia vários ambientes de trabalho, como KDE Plasma, LXQt, MATE e Xfce, e contava com uma funcionalidade interessante chamada "toram", que permitia carregar todo o sistema operativo para a memória RAM, libertando a porta USB de onde estava a ser executado.
As novidades da versão final, Rolling 3.0
A última versão do Kaisen Linux é baseada no recém-lançado Debian 13 "Trixie" e introduz várias alterações significativas. Chevreuil removeu várias ferramentas, incluindo a popular utilidade neofetch, assim como o dmraid, hping3 e os utilitários do sistema de ficheiros reiser4progs.
As principais mudanças incluem:
KDE Plasma 6 como padrão: O KDE Plasma 6 passa a ser o ambiente de trabalho principal, substituindo o gestor de ecrã LightDM pelo SDDM, uma vez que problemas de personalização anteriores foram resolvidos.
Atualizações mais seguras: O comando apt upgrade passa a redirecionar para apt full-upgrade para evitar quebras no sistema.
Recuperação rápida: Foi adicionado um novo comando, kaisen-timeshift-fast-restore, que permite restaurar snapshots BTRFS com um único comando.
Suporte ZFS completo: As ferramentas de gestão ZFS e o respetivo módulo do kernel são agora totalmente suportados.
Manuais centralizados: As páginas de manual centralizadas incluem agora mais de 1705 páginas, com ligações corrigidas e novas categorias.
Particionamento simplificado: O instalador automático oferece agora apenas a opção de separar as partições / e /home para proteger a funcionalidade de snapshots.
Chaves GPG atualizadas: As chaves foram atualizadas e são válidas até 2029.
Um final mais digno que o do Clear Linux
Apesar de ser sempre uma notícia triste ver um projeto chegar ao fim, o desfecho do Kaisen Linux parece ser mais favorável para os seus utilizadores do que o do Clear Linux. Ao contrário da Intel, que não fornecerá mais atualizações de segurança, Kevin Chevreuil garante que o Kaisen Linux receberá atualizações de segurança durante os próximos dois anos.
Segundo o criador, este período dará tempo suficiente aos utilizadores para migrarem para um novo sistema de forma tranquila e segura.