
Durante anos, o ouro foi a escolha clássica para quem queria proteger-se da inflação. Mas agora, muitos recorrem ao Bitcoin com o mesmo objetivo. E aqui está algo importante: após o mais recente halving, a taxa de inflação da oferta de Bitcoin está nos 0,83% — ainda mais baixa do que a do ouro. Portanto, a comparação não é apenas conversa fiada — há dados que a justificam.
Mas vamos abordar o tema mais a fundo. Como se comparam realmente o Bitcoin e o ouro em 2025? Qual oferece melhor proteção num mundo de incerteza económica e aumento constante dos preços? É isso que vamos analisar.
Escassez e previsibilidade
O Bitcoin tem uma regra simples: nunca existirão mais de 21 milhões de moedas. Ponto final. Sem surpresas. Este limite está gravado no código e não pode ser alterado por nenhum banco central ou empresa de mineração. Quando se diz que o Bitcoin é previsível, estamos a ser literais — até à última unidade.
O ouro, por outro lado, não tem este tipo de limite fixo. É raro, sim, mas ninguém sabe exatamente quanto ainda existe no subsolo da Terra — ou até no espaço. Novas tecnologias de extração ou até a mineração de asteroides (por mais que o conceito pareça ter sido retirado de um filme de ficção científica) podem aumentar subitamente a oferta disponível. O ouro é escasso… até deixar de o ser.
Além disso, o Bitcoin segue um calendário de halvings rigoroso, reduzindo para metade a quantidade de moedas em circulação a cada quatro anos. É isso que torna a sua inflação tão fácil de prever. Não há comités a decidir quanto deve existir — só matemática.
O ouro tem, sem dúvida, um passado sólido como reserva de valor. Mas quando se trata de previsibilidade da oferta, o Bitcoin oferece uma certeza que o ouro não consegue igualar. Para quem procura uma inflação extremamente previsível, isso faz toda a diferença.
Disponibilidade
O ouro continua a ser uma opção mais tradicional. Para o comprar, normalmente tem de recorrer a uma loja física ou a uma instituição financeira. Não dá para abrir uma aplicação e adquirir uma pepita. Isso torna-o menos acessível ao utilizador comum à procura de soluções simples.
Já o Bitcoin está disponível a qualquer hora, em qualquer lugar. Com um telemóvel e alguns toques no ecrã, qualquer pessoa — em Portugal ou no resto do mundo — pode comprar, vender ou armazenar criptomoedas sem pedir autorização a ninguém. Essa acessibilidade é uma das principais razões pelas quais as gerações mais jovens preferem o Bitcoin às alternativas tradicionais.
Além disso, a liquidez BTC-EUR é bastante sólida. Converter Bitcoin em euros não exige dias de espera nem burocracia — pode acontecer em minutos, com apenas alguns cliques. É por isso que as pessoas começam a compará-lo ao dinheiro real, em vez de pensarem nele apenas como um ativo financeiro abstrato.
O Bitcoin também não exige compras mínimas. Não precisa de adquirir uma moeda inteira (que custa dezenas de milhares de euros). Pode começar com apenas alguns euros e entrar no mercado. Isso torna-o muito mais acessível, sobretudo para quem está a dar os primeiros passos e a testar as suas opções financeiras. E, se for preciso, pode vender apenas uma fração em momentos de necessidade e fazer pagamentos a tempo — sem complicações.
Volatilidade
Sejamos sinceros — o Bitcoin continua a ser volátil. Os preços podem disparar ou descer abruptamente em poucas horas, o que é um sinal de alerta para muitos investidores. Se é daquelas pessoas que consulta o valor dez vezes por dia, o fardo mental pode ser desgastante. Já o ouro tende a mover-se de forma mais lenta e estável.
Dito isto, os portugueses já se estão a habituar à volatilidade no geral. Rendas a subir, preços da energia a oscilar e uma economia marcada pela incerteza tornaram a estabilidade financeira num luxo raro. Nesse contexto, os altos e baixos do Bitcoin já não parecem tão estranhos — é apenas mais um ativo a tentar acompanhar a inflação.
E a volatilidade nem sempre é má. Quem entra numa fase de queda e mantém o investimento a longo prazo pode beneficiar bastante das subidas seguintes. Até agora, o Bitcoin recuperou de todas as grandes quedas. Já o ouro, sendo mais seguro, não costuma oferecer essas recuperações impressionantes.
Importa considerar o cronograma temporal. No espaço de uma semana, o Bitcoin pode ser assustador. Mas ao longo de cinco anos? Ganha força. Se o objetivo é manter o poder de compra em 2025 e nos anos seguintes, e se está disposto a enfrentar as oscilações, pode valer a pena adicionar o Bitcoin à sua carteira.
Conclusão
Em suma, o Bitcoin é mais volátil — mas também é mais fácil de armazenar, mais acessível e mais líquido. A volatilidade é um risco, sim, mas olhando para o seu histórico, os altos e baixos têm sido cada vez mais altos. Além disso, em Portugal, a própria economia já é vista como volátil por natureza — e o BTC, apesar de tudo, tende sempre a recuperar.