
Se tem acompanhado o mercado de hardware, sabe que montar um computador de topo não está barato. Quem opta por instalar 64 GB ou até 128 GB de memória RAM no seu sistema pessoal já sente o peso na carteira, muitas vezes para ter uma capacidade que raramente será utilizada na totalidade. No entanto, o verdadeiro choque de preços não está no mercado de consumo, mas sim no setor profissional, onde os valores atingiram patamares que rivalizam com o mercado automóvel de luxo.
Enquanto os utilizadores domésticos se queixam dos preços atuais, o cenário para servidores e estações de trabalho é substancialmente mais dispendioso. A memória DDR5 ECC RDIMM, essencial para garantir a integridade de dados em ambientes profissionais, está a ser comercializada a preços que fazem um carro desportivo parecer uma compra racional.
O preço exorbitante da memória profissional
Atualmente, o preço médio da memória DDR5 para o consumidor comum ronda os 11,25 euros por gigabyte. Embora não seja propriamente barato, é um valor aceitável para quem procura desempenho. Contudo, no segmento profissional, a história é outra. Os módulos DDR5 ECC RDIMM custam cerca de 40% mais, situando-se nos 16 euros por gigabyte.
Para grandes empresas e profissionais que necessitam de quantidades massivas de memória, a fatura escala rapidamente. Segundo dados recentes, um kit de 1 TB de memória pode custar cerca de 19.600 dólares (aproximadamente 18.600 euros). Se duplicarmos a capacidade para 2 TB, o valor sobe para os 39.000 dólares.
Mas o valor que realmente impressiona surge quando olhamos para a configuração máxima de 4 TB. Este kit colossal atinge os 77.000 dólares (cerca de 73.000 euros). Embora o custo por gigabyte desça ligeiramente ao comprar em maior volume — baixando para cerca de 18,80 dólares por GB na configuração de 4 TB — o investimento total continua a ser astronómico, especialmente num momento em que se prevê que os preços de smartphones e PC vão aumentar em 2026 devido à crise da memória.
Um kit de memória ou um carro desportivo?
Para colocar estes números em perspetiva, o portal Videocardz fez uma comparação curiosa com o mercado automóvel norte-americano. Com os 77.000 dólares necessários para adquirir 4 TB de RAM, é possível comprar um Chevrolet Corvette Stingray de 2025, cujo preço ronda os 70.195 dólares.
Estamos a falar de trocar pentes de memória por um desportivo de luxo com um motor V8 de 6,2 litros, 495 cavalos de potência e capaz de atingir os 312 km/h. Alternativamente, na Europa, esse valor seria suficiente para adquirir um Ford Mustang GT de 2026, sobrando ainda cerca de 3.000 euros para personalizar a cor ou melhorar o sistema de suspensão.
O novo "ouro" digital?
A ironia desta comparação reside na valorização futura dos bens. Enquanto um automóvel novo desvaloriza assim que sai do concessionário, a memória RAM pode estar a tornar-se numa espécie de "Bitcoin físico". Com as previsões de que o preço da memória continuará a subir drasticamente em 2026, impulsionado pela escassez e pela procura desenfreada por hardware para Inteligência Artificial, o kit de 4 TB poderá valer ainda mais daqui a um ano.
Para as empresas, esta é uma despesa necessária para manter a produtividade e a escala das operações. Para o resto de nós, serve de consolo saber que, por muito caro que pareça o nosso upgrade para 32 GB, pelo menos não custa o mesmo que um Porsche.