A montagem de um computador pessoal tornou-se, nos últimos tempos, num investimento financeiro considerável, muitas vezes proibitivo para o consumidor comum. O conceito de "PC gaming barato" parece estar cada vez mais distante, com os componentes de entrada de gama a sofrerem pressões inflacionárias significativas. O principal culpado desta tendência é o setor das memórias, onde a procura desenfreada por parte das tecnologias de Inteligência Artificial está a absorver recursos vitais como a RAM, a NAND Flash para SSDs e, crucialmente, a VRAM das placas gráficas. Este cenário atingiu um ponto crítico no Japão, onde os retalhistas começaram a impor limites estritos à venda de GPUs.
Racionamento chega ao hardware de gama média
A quantidade de VRAM tornou-se um dos fatores decisivos para o desempenho nos videojogos modernos, ditando a qualidade das texturas e a fluidez da experiência. Enquanto a recomendação geral passa por evitar placas com apenas 8 GB de memória, o mercado tem assistido a uma transição lenta. No entanto, modelos recentes como as RTX 5060 Ti e as RX 9600 XT de 16 GB tornaram-se o novo padrão desejado pelos jogadores, o que levou a medidas drásticas no mercado nipónico.
Lojas em Akihabara, como a conhecida Dospara, começaram a afixar avisos a informar que cada cliente está limitado à compra de apenas uma unidade destas placas gráficas. A medida surge num contexto em que a AMD e NVIDIA enfrentam desafios de fornecimento e custos de produção crescentes. As lojas japonesas antecipam um cenário difícil para o início de 2026, tentando garantir que o stock existente chegue ao maior número possível de utilizadores antes que os preços subam ainda mais.
O impacto da Inteligência Artificial no preço da memória
A situação no Japão é um reflexo de um problema global: o custo da memória não para de aumentar. Segundo informações partilhadas pelo VideoCardz, os retalhistas justificam estas limitações com o facto de terem conseguido adquirir apenas um número reduzido de unidades antes da escalada de preços. A prioridade é evitar o esgotamento total imediato e a especulação, permitindo que mais jogadores tenham acesso a pelo menos uma placa.
Embora a AMD ofereça historicamente opções com mais memória por valores mais competitivos, e a NVIDIA tenha começado a disponibilizar 8 GB na gama média-alta há quase uma década, a realidade atual exige mais capacidade. As versões de 16 GB da RTX 5060 Ti e da Radeon RX 9600 XT são agora os alvos preferenciais, mas também as vítimas da escassez. Resta saber se esta tendência de racionamento se limitará ao mercado japonês ou se alastrará a outras regiões à medida que a crise se intensifica no próximo ano.
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