
A gigante do comércio eletrónico sul-coreana Coupang anunciou um plano de compensação sem precedentes para tentar recuperar a confiança dos seus clientes após um incidente de segurança massivo. A empresa vai desembolsar um total de 1,685 biliões de won (aproximadamente 1,1 mil milhões de euros) para compensar os 33,7 milhões de utilizadores afetados pela recente fuga de dados.
Este caso, que abalou o setor tecnológico na Coreia do Sul, ganha agora contornos de um filme de espionagem com a revelação de detalhes sobre o suspeito e a tentativa dramática de destruição de provas.
Vouchers para todos e um pedido de desculpas
A compensação, que começará a ser distribuída a partir de 15 de janeiro de 2026, abrange todos os clientes da Coupang, independentemente de serem membros do serviço "WOW", utilizadores ocasionais ou até mesmo aqueles que cancelaram as suas contas.
Segundo o plano apresentado, cada cliente receberá quatro vouchers de compra de utilização única, totalizando 50.000 won (cerca de 32 euros). Estes vales serão divididos entre os vários serviços do ecossistema da empresa:
5.000 won para produtos Coupang (incluindo Rocket Delivery e Marketplace);
5.000 won para o serviço de entrega de comida Coupang Eats;
20.000 won para produtos de viagens Coupang Travel;
20.000 won para a plataforma de luxo R.LUX.
O objetivo é mitigar o impacto da brecha de segurança que ocorreu a 24 de junho, mas que apenas foi descoberta e tornada pública em meados de novembro. O incidente expôs informações sensíveis como nomes, endereços de email, moradas físicas e históricos de encomendas de uma parte significativa da população sul-coreana.
O portátil no rio e a investigação policial
Se os números da indemnização são impressionantes, os detalhes da investigação policial revelam uma tentativa desesperada de encobrimento. As autoridades identificaram o principal suspeito como sendo um cidadão chinês de 43 anos, ex-funcionário do departamento de TI da gigante do retalho, onde trabalhou entre novembro de 2022 e 2024.
Numa atualização sobre o caso, a empresa explicou que conseguiu contactar o antigo funcionário no início deste mês. Após um encontro presencial, a equipa de segurança conseguiu recuperar os discos rígidos do computador de secretária que continham os dados sensíveis roubados.
No entanto, o detalhe mais surpreendente envolve um computador portátil MacBook Air pertencente ao suspeito. Este equipamento foi recuperado pelas autoridades no fundo de um rio, onde tinha sido atirado pelo ex-funcionário numa tentativa clara de destruir provas incriminatórias.
Com o auxílio de empresas de cibersegurança como a Mandiant e a Palo Alto Networks, a investigação concluiu que, embora o atacante tenha acedido a 33 milhões de contas, apenas reteve dados de aproximadamente 3.000 utilizadores. Mais importante ainda, a empresa garante, no seu comunicado oficial, que o ex-funcionário não transferiu estes dados para terceiros e que os mesmos foram posteriormente apagados dos seus dispositivos.