
Uma das grandes vantagens do ambiente de trabalho GNOME reside na sua capacidade de personalização através de extensões. Estas pequenas ferramentas permitem aos utilizadores adaptar o sistema às suas necessidades específicas e fluxo de trabalho. No entanto, a manutenção deste ecossistema depende de uma equipa que revê manualmente cada submissão para garantir a segurança e o bom funcionamento, uma tarefa que se tem tornado cada vez mais árdua devido ao aumento de código gerado automaticamente por Inteligência Artificial (IA).
Para combater esta vaga de submissões de qualidade duvidosa, o projeto GNOME atualizou as suas diretrizes de revisão, proibindo explicitamente o código que apresente sinais claros de ter sido gerado por IA sem a devida supervisão ou compreensão por parte do programador.
O problema do código supérfluo
Segundo informações avançadas pela Phoronix, a equipa de extensões do GNOME notou um aumento substancial no que a comunidade denomina de "AI slop" — código de baixa qualidade, gerado por modelos de linguagem, que muitas vezes é ineficiente ou desnecessário. Javad Rahmatzadeh, um dos revisores do projeto, relatou ter passado dias inteiros a analisar mais de 15.000 linhas de código, apenas para encontrar padrões repetitivos e sem sentido.
Um exemplo prático identificado pelos revisores foi a inclusão excessiva de blocos "try-catch" (estruturas de tratamento de erros) em locais onde não faziam qualquer sentido técnico. Quando confrontados, os programadores admitiram que essas estruturas foram inseridas automaticamente pelas ferramentas de IA que utilizaram.
As novas regras estipulam que as extensões serão rejeitadas se apresentarem:
Grandes quantidades de código desnecessário;
Estilos de código inconsistentes;
Utilização de APIs imaginárias (alucinações da IA);
Comentários que claramente serviram como "prompts" para um modelo de linguagem (LLM).
IA como ferramenta de aprendizagem, não de substituição
É importante notar que o GNOME não está a declarar guerra à IA em si, mas sim ao uso negligente da tecnologia. A utilização de ferramentas de inteligência artificial para autocompletar código ou como auxílio à aprendizagem continua a ser permitida e aceite.
O alvo desta nova política são os programadores que geram extensões inteiras através de prompts, submetendo o resultado final sem compreenderem verdadeiramente o que o código faz ou como funciona. Esta prática não só sobrecarrega os voluntários que mantêm o repositório de extensões, como pode introduzir falhas de segurança e instabilidade no sistema dos utilizadores finais.
Esta medida alinha o GNOME com outros projetos de código aberto que começam a criar barreiras contra o conteúdo gerado massivamente por IA, procurando preservar a qualidade e a integridade do software desenvolvido pela comunidade.










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