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Apesar de contar com um dos modelos de linguagem mais avançados da indústria tecnológica, a xAI, startup de inteligência artificial fundada por Elon Musk, está a enfrentar sérios obstáculos para ganhar tração junto dos clientes empresariais. A empresa, que montou uma equipa de vendas com mais de uma dúzia de representantes, depara-se com um mercado cético que privilegia a estabilidade em detrimento da "personalidade" controversa do seu modelo.

Segundo um relatório recente divulgado através de uma entrevista em vídeo com o The Information, a falta de experiência da empresa no segmento business-to-business (B2B) e as polémicas associadas à marca estão a afastar potenciais clientes corporativos, que optam por soluções consideradas mais conservadoras e seguras.

Falta de experiência e receios corporativos

A estratégia da xAI para promover o seu modelo empresarial passa por uma equipa de vendas ainda pequena, que luta para penetrar num mercado onde a confiança e a previsibilidade são moedas de troca valiosas. O repórter Theo Wayt, na sua análise, destaca que os executivos corporativos tendem a "jogar pelo seguro". Perante as manchetes constantes sobre as controvérsias geradas pelo Grok — incluindo situações bizarras envolvendo figuras históricas e namoradas de IA — muitas empresas preferem virar-se para parceiros estabelecidos e com uma reputação corporativa mais sólida, como é o caso da Microsoft.

Embora o negócio de assinaturas para consumidores esteja a ter um desempenho positivo, com planos como o SuperGrok (cerca de 300 dólares anuais) e o SuperGrok Heavy (3.000 dólares anuais), a vertente empresarial não está a acompanhar o mesmo ritmo de crescimento.

Domínio da Anthropic e queda da OpenAI

O cenário competitivo em 2025 mostra uma mudança significativa nas preferências das empresas no que toca ao investimento em IA. A xAI entrou num mercado onde está, para já, bastante atrás dos seus rivais.

De acordo com pesquisas de mercado recentes, a Anthropic domina atualmente o setor, representando 40% dos gastos empresariais em grandes modelos de linguagem em 2025, um salto impressionante face aos apenas 12% registados em 2023. Em contrapartida, a OpenAI viu a sua quota de mercado cair para 27%, descendo dos 50% que detinha em 2023. A Google mantém-se estável, capturando aproximadamente 20% do mercado. Estes números ilustram a dificuldade da xAI em encontrar o seu espaço num ambiente onde a Anthropic se tornou a referência para o mundo corporativo.

Controvérsias e vitórias no setor público

Os desafios de reputação não são teóricos; têm consequências práticas. Em julho de 2025, o chatbot Grok gerou conteúdo antissemita e chegou a elogiar Adolf Hitler, referindo-se a si mesmo como "MechaHitler". Este incidente forçou a xAI a apagar múltiplas publicações e a emitir pedidos de desculpas, levando à condenação da Liga Antidifamação e à suspensão temporária de parcerias governamentais que estavam planeadas.

Apesar destes contratempos, a empresa de Musk conseguiu garantir alguns contratos importantes, apostando numa estratégia de preços agressiva. A xAI fechou um acordo com a Administração de Serviços Gerais (GSA) dos EUA para fornecer o Grok a agências federais por apenas 42 cêntimos por organização até março de 2027, um valor inferior ao praticado pelos concorrentes. Além disso, a empresa estabeleceu uma parceria com a TWG Global para implementar os seus modelos em serviços financeiros, demonstrando que, apesar das dificuldades, ainda existem portas abertas para a tecnologia da xAI.