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O combate à pirataria online atingiu uma nova dimensão em 2025, com a Google a processar um volume sem precedentes de pedidos de remoção de direitos de autor (DMCA). Impulsionado por uma guerra automatizada de bots, o motor de busca lidou com mais de cinco mil milhões de pedidos num único ano, elevando o total histórico para mais de 15,8 mil milhões de links sinalizados.

Se recuarmos 15 anos, a gigante tecnológica processava apenas cerca de 250.000 notificações num ano inteiro. O contraste com a realidade atual é avassalador: em 2025, a média diária de URLs reportados ultrapassou os 14 milhões. Isto traduz-se em cerca de 10.000 pedidos por minuto, um ritmo incessante que torna a moderação humana impossível e obriga à dependência total de algoritmos.

Segundo os dados revelados pelo TorrentFreak, a barreira dos dez mil milhões de pedidos acumulados tinha sido ultrapassada há pouco mais de um ano, o que demonstra a aceleração exponencial destas solicitações por parte dos detentores de direitos de autor.

A hegemonia da Link-Busters e a guerra dos bots

Este volume massivo não é gerado manualmente. Trata-se de uma verdadeira batalha de algoritmos, onde os detentores de direitos utilizam os seus próprios bots para varrer a internet. O destaque vai para a Link-Busters, uma empresa parceira de grandes editoras de livros, que se isolou como a principal emissora destes avisos.

Só em 2025, a Link-Busters foi responsável por mais de 3,2 mil milhões de URLs reportados, eclipsando completamente a concorrência. Para colocar isto em perspetiva, a segunda classificada, a Rivendell, ficou-se pelos 420 milhões. No terceiro lugar surge a MG Premium, o braço de proteção de direitos de autor da empresa-mãe do Pornhub, a Aylo, com 390 milhões de pedidos.

Os alvos preferenciais destes ataques automatizados são, sem surpresa, sites de publicação e bibliotecas sombra. Os três domínios mais visados estão todos ligados ao motor de busca Anna’s Archive, acumulando centenas de milhões de sinalizações. A Link-Busters, apesar do volume astronómico, mantém um foco restrito neste tipo de sites problemáticos, o que tende a diminuir a taxa de erros em comparação com outros remetentes mais genéricos.

Nem tudo o que é reportado desaparece da pesquisa

Apesar da sofisticação dos sistemas, ocorrem erros frequentes. Todos os anos, detentores de direitos sinalizam inadvertidamente URLs perfeitamente legítimos, incluindo páginas da Wikipedia, artigos do The New York Times, dicionários e até sites governamentais. A Google tem conseguido filtrar estes falsos positivos, especialmente quando envolvem domínios com reputação estabelecida.

Em 2025, a empresa optou por "não agir" em cerca de 3% dos pedidos. Outros 8% foram descartados por serem duplicados. No entanto, o dado mais curioso reside na categoria "não indexado": cerca de 35% de todos os pedidos, totalizando mais de 1,7 mil milhões de links, referiam-se a páginas que o motor de busca ainda nem sequer tinha indexado.

Estes URLs "não indexados" acabam por entrar numa lista negra preventiva, impedindo que venham a aparecer nos resultados futuros. Esta tática reflete a natureza preditiva da "guerra dos bots", onde os sistemas tentam bloquear novos domínios espelho e estruturas de URL de sites piratas antes mesmo de estes serem captados pelos crawlers da pesquisa. No final das contas, a categoria de "removido" continua a ser a mais expressiva, representando cerca de 54% de todas as solicitações, o que resultou na eliminação efetiva de mais de 2,7 mil milhões de resultados.