
Para quem valoriza a privacidade e prefere manter o controlo total sobre os seus dados, o Syncthing sempre foi uma referência. Ao contrário de gigantes como o Google Drive ou o Dropbox, esta aplicação de sincronização de ficheiros não utiliza um servidor central. Em vez disso, opera numa rede peer-to-peer (P2P), onde os seus dados são transferidos de forma direta e segura, com encriptação ponto-a-ponto, apenas entre os seus próprios dispositivos.
Agora, a aplicação recebe a sua primeira grande atualização da série 2.x, a versão 2.0, que, segundo a equipa de desenvolvimento, introduz múltiplas e significativas alterações que prometem tornar a ferramenta ainda mais fiável e eficiente.
Uma base de dados renovada e mais eficiente
A mudança de maior impacto no Syncthing 2.0 é a migração do motor da base de dados, que abandona o LevelDB da Google para adotar o amplamente utilizado SQLite. Para os utilizadores com grandes volumes de ficheiros, o primeiro arranque da nova versão irá despoletar uma migração única que poderá demorar algum tempo. A longo prazo, esta transição para SQLite traz vantagens claras, como uma manutenção mais simples e uma estrutura mais compreensível, o que deverá traduzir-se em menos bugs no futuro.
Outra alteração relevante é a nova política de gestão de ficheiros apagados. Anteriormente, a informação sobre itens eliminados era mantida indefinidamente na base de dados. Com a versão 2.0, estes registos serão esquecidos após seis meses. No entanto, os utilizadores que necessitem de um controlo mais prolongado podem personalizar este intervalo ou desativar a função através de um comando específico.
Melhorias de desempenho e conectividade
A pensar na velocidade e na eficiência, o Syncthing 2.0 passa a utilizar múltiplas ligações por defeito entre dispositivos. Isto significa que uma stream é dedicada a metadados e duas a dados, garantindo que a transferência de ficheiros grandes não bloqueia as atualizações do índice.
Para melhorar a conectividade, especialmente para utilizadores atrás de certos tipos de firewalls, foi adicionado o mapeamento de portas UDP para QUIC. A segurança também foi reforçada, com as ligações de sincronização a poderem agora usar as modernas chaves de encriptação Ed25519.
O que fica pelo caminho na versão 2.0
Nem tudo são adições. A equipa de desenvolvimento decidiu remover o suporte para binários pré-compilados em algumas plataformas, nomeadamente Windows on ARM, NetBSD e Solaris, devido a "complexidades relacionadas com a compilação cruzada com SQLite".
Foi também abandonada a deteção de dados movidos através de "rolling hash", uma funcionalidade que, segundo os criadores, nunca proporcionou um ganho de desempenho significativo e tornava a verificação de ficheiros menos eficiente.
Outras novidades e correções de bugs
A lista de melhorias continua, com destaque para a interface de linha de comandos (CLI) que foi significativamente remodelada. Os utilizadores avançados que monitorizam os seus sistemas irão apreciar que a informação de pastas e dispositivos é agora exposta como métricas, e foi adicionada uma opção útil na interface gráfica para limitar a largura de banda utilizada na rede local.
Foram ainda corrigidos vários bugs, como impasses de ligação (deadlocks) e problemas de estabilidade no Android, incluindo uma falha que afetava a descoberta de gateways locais no Android 14 e superior.
Se ficou interessado em explorar todas as novidades, pode consultar a lista completa de alterações e descarregar a versão para a sua plataforma preferida na página de lançamentos no GitHub. A documentação completa para a versão 2.0 também já está disponível.










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