
A Polícia Judiciária (PJ) desferiu um duro golpe no cibercrime com a detenção de 64 suspeitos numa megaoperação contra uma rede transnacional. Este grupo criminoso dedicava-se a burlas informáticas, branqueamento de capitais e ao roubo de fundos através de ataques de phishing, tendo provocado um prejuízo estimado em cerca de 14 milhões de euros.
A "Operação Pivot", como foi batizada, decorreu em várias zonas do país e envolveu um total de 73 buscas domiciliárias. A ação foi coordenada pela Unidade Nacional de Combate ao Cibercrime e à Criminalidade Tecnológica (UNC3T) da PJ, em estreita colaboração com as autoridades suecas, a Europol e a Eurojust.
Como funcionava o esquema de phishing transnacional
O esquema visava especificamente cidadãos suecos, na sua maioria com mais de 65 anos. Os criminosos utilizavam diversas táticas de engenharia social para convencer as vítimas a partilhar os seus dados de acesso bancário. Uma vez na posse das credenciais, os fundos eram transferidos de forma ilícita para contas bancárias sediadas em Portugal e noutros países.
O núcleo principal da organização, embora de nacionalidade sueca, residia e operava a partir de Portugal. A partir daqui, não só executavam os ataques informáticos, como também recrutavam dezenas de "mulas de dinheiro" (money mules). Estes indivíduos cediam as suas próprias contas bancárias para receber e dissimular os montantes roubados, dificultando o rastreio do dinheiro e concretizando o crime de branqueamento de capitais.
Uma operação de grande envergadura em Portugal
A complexidade da investigação exigiu uma equipa de investigação conjunta entre Portugal e a Suécia. Segundo informa a Polícia Judiciária, representantes da Europol, da Eurojust e das autoridades suecas estiveram em Portugal para acompanhar as diligências no terreno.
Durante as buscas, as autoridades apreenderam uma vasta quantidade de material que comprova a prática dos crimes. Foram confiscados diversos equipamentos informáticos, documentação relevante e bens adquiridos com os lucros ilícitos da atividade, incluindo viaturas de alta cilindrada, joias e relógios de valor elevado, demonstrando o estilo de vida luxuoso que a rede mantinha.
Os 64 detidos serão agora presentes ao Ministério Público para primeiro interrogatório, enquanto a investigação, titulada pelo DIAP de Lisboa, prossegue para desmantelar por completo as restantes ramificações desta rede de ciberataque.