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A tensão transatlântica no setor tecnológico atingiu um novo pico. A administração dos Estados Unidos emitiu um aviso severo à União Europeia, ameaçando impor taxas e restrições a grandes empresas europeias, como o Spotify e a SAP, caso Bruxelas continue a aplicar o que Washington descreve como "medidas discriminatórias" contra os gigantes tecnológicos norte-americanos.

O Gabinete do Representante Comercial dos Estados Unidos (USTR) utilizou a rede social X para manifestar o seu descontentamento, alegando que os fornecedores de serviços norte-americanos têm sido alvo de uma "série contínua de processos judiciais, impostos, multas e diretivas discriminatórias e de assédio" por parte da UE. Este comunicado surge num momento crítico, pouco depois de a plataforma X ter sido multada ao abrigo da Lei dos Serviços Digitais (DSA), juntando-se a um histórico recente de escrutínio apertado sobre empresas como a Google, Apple, Amazon, Microsoft e Meta.

A "lista de alvos" europeus

Ao contrário de avisos anteriores mais vagos, a declaração do USTR foi específica ao nomear as empresas europeias que poderão sofrer represálias. O documento destaca que, enquanto as empresas dos EUA enfrentam barreiras na Europa, os fornecedores de serviços da UE têm operado livremente no mercado norte-americano durante décadas.

Entre as empresas explicitamente mencionadas como tendo beneficiado deste acesso ao mercado, e que agora se encontram na mira de possíveis sanções, estão a Accenture, Amadeus, Capgemini, DHL, Mistral, Publicis, SAP, Siemens e o gigante do streaming Spotify.

A administração norte-americana sublinha que, se a UE e os seus Estados-Membros insistirem em restringir a competitividade dos fornecedores dos EUA, Washington "não terá outra escolha senão começar a utilizar todas as ferramentas à sua disposição". Segundo informações avançadas pelo The New York Times, a legislação dos EUA permite a aplicação de taxas ou restrições a serviços estrangeiros como medida de resposta.

Bruxelas defende imparcialidade

A resposta da União Europeia não se fez esperar. Thomas Regnier, porta-voz da Comissão Europeia, rejeitou as acusações de discriminação, afirmando que o bloco continuará a trabalhar com os EUA para implementar acordos comerciais, mas sem comprometer a sua regulação interna.

Numa declaração citada pela Barron's, Regnier reforçou a posição de Bruxelas: "Como deixámos claro muitas vezes, as nossas regras aplicam-se de forma igual e justa a todas as empresas que operam na UE. Continuaremos a aplicar as nossas regras de forma justa e sem discriminação".

Esta troca de galhardetes sinaliza um potencial agravamento nas relações comerciais, com os EUA a alegarem que as suas preocupações foram ignoradas durante anos e a prepararem-se agora para uma abordagem mais agressiva na defesa dos interesses das suas tecnológicas.