
Se tens acompanhado de perto as evoluções no ecossistema do pinguim, é provável que já tenhas ouvido falar do NTFSPlus. Trata-se de uma nova implementação do driver para o sistema de ficheiros da Microsoft, desenvolvida por Namjae Jeon, um nome bem conhecido na comunidade pelo seu trabalho no driver exFAT e no servidor SMB ksmbd.
O projeto tem vindo a evoluir de forma consistente, com cada nova iteração a trazer funcionalidades frescas e melhorias de desempenho. No entanto, a atualização mais recente traz uma mudança de identidade significativa que sinaliza a aproximação da sua integração no Linux.
Adeus “Plus”, olá apenas “NTFS”
Na mais recente submissão da série de patches v3 para a mailing list do kernel Linux, Namjae Jeon decidiu renomear o projeto de "NTFSPlus" para simplesmente "NTFS". Esta alteração não é apenas cosmética; representa uma reestruturação profunda da abordagem de desenvolvimento.
Segundo as informações partilhadas pelo It's FOSS, a estratégia passa agora por utilizar o antigo driver NTFS (que era apenas de leitura) como base e aplicar as novas alterações sobre ele. O objetivo é facilitar o processo de revisão de código, permitindo que os responsáveis pela manutenção do kernel se foquem nas novidades em vez de terem de analisar tudo como se fosse código totalmente novo.
Otimizações profundas e fim de limitações
Para além da mudança de nome, esta nova implementação promete trazer funcionalidades essenciais para o sistema operativo. O novo driver suporta operações de escrita, algo fundamental, além de integrar características técnicas importantes como iomap, a eliminação do uso de buffer-head e suporte para xfstests.
A atualização traz ainda ajudas genéricas para lidar com conversões de cluster para fólio e operações de byte para setor. Uma das grandes novidades é a introdução de readahead para o ficheiro $MFT, bem como a remoção de uma limitação histórica: a barreira dos 2 TB para o sistema de ficheiros em sistemas de 32 bits foi eliminada.
Velocidade furiosa: Mount em menos de um segundo
O aspeto mais impressionante desta nova adaptação reside nos números de desempenho apresentados. Quando comparado com o driver NTFS3, esta nova versão mostra-se 3% a 5% mais rápida em escritas single-thread. No entanto, é em cenários multi-thread que a diferença se torna abismal, com melhorias que variam entre os 35% e os 110%.
A listagem de ficheiros também ficou entre 12% a 14% mais célere. Contudo, a melhoria mais palpável para o utilizador comum será provavelmente no tempo de montagem das partições. Enquanto o NTFS3 pode demorar mais de 4 segundos a montar uma partição de 4 TB, o novo driver consegue realizar a mesma tarefa em menos de um segundo.
Ainda em fase experimental
Apesar do entusiasmo, é importante notar que o driver ainda está marcado como experimental, o que faz sentido dado o seu estágio de desenvolvimento. Existem algumas funcionalidades em falta, sendo o suporte completo a journaling a mais notável.
Atualmente, apenas existe a reprodução de journal (replay), e mesmo essa funcionalidade ainda apresenta alguns problemas, segundo o próprio programador. Namjae Jeon planeia adicionar o suporte completo a journaling apenas após o driver conseguir a sua integração oficial no "upstream" do kernel.