A Steam, a popular plataforma de distribuição de jogos digitais da Valve, atualizou as suas diretrizes com uma nova cláusula que já resultou no banimento de vários jogos. De acordo com uma notícia avançada pelo Automaton, a nova regra proíbe qualquer conteúdo que possa infringir as normas estabelecidas pelos processadores de pagamento da Steam, redes de cartões e bancos associados.
Esta alteração significa que, se uma empresa de cartões de crédito decidir que não aprova determinado conteúdo, tem agora o poder de efetivamente banir um jogo da plataforma.
A caça aos jogos para adultos
A nova cláusula especifica que esta medida afetará "certos tipos de conteúdo exclusivo para adultos". A consequência mais imediata parece ter sido a remoção de um número considerável de jogos da plataforma. Embora o SteamDB não especifique o motivo exato das remoções, a esmagadora maioria dos títulos banidos possui temas sexuais explícitos, com muitos a incluírem a palavra "incesto" no título, e o momento das remoções coincide com a implementação da nova regra.
Esta movimentação, embora possa parecer surpreendente para alguns, está alinhada com a longa batalha dos processadores de pagamento contra a sua utilização na compra de conteúdo para adultos. Estas disputas são frequentemente iniciadas com o argumento de que as plataformas de conteúdo adulto não possuem salvaguardas suficientes para prevenir a partilha de conteúdo ilegal.
Um poder que vai além da Steam
A influência das instituições financeiras não é um fenómeno novo. Em 2020, a Mastercard e a Visa bloquearam a utilização dos seus cartões no Pornhub. No ano seguinte, a Mastercard foi mais longe, adicionando novos requisitos que obrigavam os bancos a certificar que os vendedores de conteúdo adulto tivessem controlos eficazes para monitorizar, bloquear e remover todo o conteúdo ilegal.
Ainda que poucas pessoas lamentem a remoção de jogos com títulos como Sex Adventures - Incest Family, a medida abre um precedente que alguns utilizadores consideram preocupante. Nas discussões da comunidade, há quem acuse a Steam de permitir a "normalização silenciosa da censura financeira".
O perigo do "cavalo de Troia"
A principal preocupação é que, ao dar às gigantescas instituições financeiras o poder de decidir o que é ou não apropriado, a porta fica aberta para que essa influência se estenda a jogos convencionais. Um utilizador da Steam salientou que "conteúdo queer é frequentemente sinalizado como 'explícito' mesmo quando é para todos os públicos", um sentimento partilhado por outros na comunidade. Outro utilizador descreveu a medida como algo que "parece inócuo à primeira vista, mas é um cavalo de Troia".
Por outro lado, é inegável que a Steam tem sido, ao longo dos anos, uma plataforma onde prolifera conteúdo de gosto duvidoso. Contactámos a Valve para obter um comentário sobre esta situação e atualizaremos este artigo assim que obtivermos uma resposta.
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