
A Autoridade da Concorrência e Mercados (CMA) do Reino Unido anunciou que a proposta de fusão entre a Getty Images e a Shutterstock representa um grande risco para a concorrência no fornecimento de conteúdo editorial, tanto no Reino Unido como a nível global. A entidade reguladora alertou para a existência de uma "perspetiva realista de uma diminuição substancial da concorrência".
O negócio, proposto em janeiro de 2025, previa a aquisição da Shutterstock pela Getty Images por um valor de 245 milhões de libras em dinheiro (cerca de 289 milhões de euros) e 319,4 milhões de ações da Getty Images. Se a fusão se concretizar, a nova entidade teria um valor empresarial superior a 3 mil milhões de dólares (aproximadamente 2,8 mil milhões de euros). No entanto, com este parecer da CMA, o caminho para a fusão torna-se mais complicado, sendo que o Departamento de Justiça dos EUA também está a analisar o acordo.
Preços mais altos e menos qualidade no horizonte
Para quem não está familiarizado, a Getty Images e a Shutterstock são as duas maiores plataformas de licenciamento de conteúdos multimédia de stock. Muitas das fotografias que vemos em notícias online, publicidade e projetos criativos são fornecidas por uma destas duas empresas, geralmente através de um modelo de subscrição. A união destes dois gigantes poderia dar-lhes uma vantagem injusta sobre a concorrência.
A CMA revelou ter recebido inúmeras preocupações de empresas, associações comerciais e outras partes interessadas nos setores dos media e criativo do Reino Unido. Os receios mais comuns incluem o aumento dos preços, o agravamento dos termos comerciais e uma redução na qualidade do serviço ou do conteúdo disponível. As conclusões foram detalhadas num resumo da decisão da fase 1.
A IA não é a salvação (para já)
Embora muitas empresas de fotografia de stock tenham começado a oferecer ferramentas de inteligência artificial generativa, treinadas com as suas imagens licenciadas para criar novos conteúdos, a CMA concluiu que estas não representam uma alternativa suficiente para uma parte significativa da procura a curto prazo.
O regulador britânico considera também pouco provável a entrada de novos concorrentes ou a expansão dos existentes para desafiar o novo gigante. A CMA aponta a existência de barreiras significativas, como as restrições na cobertura de eventos e os elevados custos de investimento.
O que se segue?
A Getty e a Shutterstock têm agora uma semana para apresentar propostas que respondam às preocupações de concorrência levantadas. Se as soluções apresentadas não forem consideradas suficientes, a CMA avançará para uma investigação de Fase 2, mais aprofundada. O desfecho desta história de gigantes da imagem digital continuará a desenrolar-se nos próximos meses.











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