
O misterioso objeto interestelar 3I/ATLAS, que tem captado a atenção de astrónomos desde a sua descoberta em julho, atinge hoje o seu periélio, o ponto da sua órbita mais próximo do Sol. Este momento é particularmente aguardado por Avi Loeb, o controverso astrónomo de Harvard, que acredita que esta é a derradeira oportunidade para testar a sua teoria de que o objeto poderá ser uma nave de origem extraterrestre.
O "teste de fogo" de Avi Loeb
Segundo Avi Loeb, este é o “momento ideal para aceleração ou desaceleração através de um impulso de um motor, graças à assistência gravitacional do Sol”. Numa publicação no seu blogue, o astrónomo descreve este evento como o derradeiro "teste de fogo". A teoria de Loeb desafia a crença generalizada de que o 3I/ATLAS é um cometa composto maioritariamente por gelo de dióxido de carbono.
Loeb sugere que o objeto poderia aproveitar o chamado efeito de Oberth, um princípio da física que dita que um motor de foguetão gera mais energia quando é acionado a alta velocidade. Se o 3I/ATLAS for, de facto, uma "nave-mãe alienígena", poderia usar o impulso do Sol para "continuar o seu caminho gravitacional original e, por fim, sair do Sistema Solar". O astrónomo especula ainda que o objeto poderia libertar "mini-sondas" para continuar a investigar o nosso sistema solar em nome de uma raça alienígena inteligente.
Um cavalo de Troia cósmico?
Apesar do entusiasmo, observar este fenómeno será impossível, uma vez que o 3I/ATLAS está a passar por trás do Sol, fora do nosso campo de visão. Ainda assim, Loeb apela aos governantes para que "levem a sério a potencial ameaça de um evento de cisne negro envolvendo um objeto invulgarmente massivo". Na sua mais recente publicação, alertou para a possibilidade de o 3I/ATLAS ser um "cavalo de Troia", utilizando a "aparência externa de um cometa natural, mas transportando uma potencial ameaça no seu interior".
À medida que se aproxima do Sol, espera-se que o objeto liberte ainda mais gases da sua superfície devido ao aumento da radiação solar, criando um espetáculo de "fogo de artifício" que poderá gerar uma pluma de gás e poeira muito mais brilhante. "No entanto, se o 3I/ATLAS foi fabricado tecnologicamente — como sugere a sua elevada abundância de níquel em relação ao ferro — poderá manobrar ou libertar mini-sondas", reitera Loeb.
O futuro da observação e a "escala Loeb"
Apesar das dificuldades atuais, nem tudo está perdido. Em março, o objeto passará a apenas 96 milhões de quilómetros de Vénus, permitindo que a missão JUICE da Agência Espacial Europeia, a caminho de Júpiter, o observe de perto.
No entanto, a probabilidade de o 3I/ATLAS ser um artefacto de uma civilização antiga continua a ser extremamente baixa. O próprio Avi Loeb, que classifica a possibilidade numa escala de um a dez (a sua "escala Loeb"), admite a pequena chance. "Se, como resultado do intenso aquecimento solar, o 3I/ATLAS mostrar todas as características de um cometa natural, reduzirei a sua classificação para 2 na escala Loeb", escreveu na semana passada. Enquanto o objeto continua a sua veloz travessia pelo nosso sistema solar, a comunidade científica aguarda, com uma mistura de ceticismo e curiosidade, os próximos capítulos desta saga interestelar.











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