
A Cloudflare, uma das empresas fundamentais para a infraestrutura da Internet moderna, divulgou dados impressionantes sobre o seu combate à pirataria online durante a primeira metade de 2025. O relatório aponta para um crescimento massivo nas ações de remoção de conteúdo, impulsionado por novas ferramentas automatizadas colocadas nas mãos dos detentores de direitos de autor.
Sendo responsável por suportar cerca de 20% da web, a empresa americana encontra-se frequentemente no centro de disputas sobre direitos de autor. Embora historicamente a Cloudflare se limitasse a reencaminhar queixas para os serviços de alojamento dos sites que usam a sua CDN, a situação muda de figura quando os clientes utilizam os seus serviços de armazenamento direto. Segundo os dados revelados no último relatório, a empresa adotou uma postura muito mais agressiva este ano.
Automação e o combate ao IPTV desportivo
O destaque do relatório vai para um aumento de 3.800% nas ações de remoção relacionadas com direitos de autor face ao semestre anterior. Nos primeiros seis meses de 2025, a Cloudflare recebeu 124.872 queixas relacionadas com alojamento, resultando em 54.357 ações concretas de remoção ou desativação de conteúdo. Para comparação, no período homólogo anterior, apenas tinham sido realizadas 1.394 ações deste tipo.
Justin Paine, Vice-Presidente de Confiança e Segurança da Cloudflare, explica que este salto não se deve apenas a um aumento da pirataria, mas sim a uma mudança estratégica nos processos de execução. A empresa disponibilizou uma API dedicada aos detentores de direitos, permitindo-lhes automatizar o envio de pedidos de remoção.
Esta ferramenta revelou-se crucial para combater a transmissão ilegal de desporto em direto, onde a rapidez é essencial. Graças a esta automação, o tempo de resposta diminuiu drasticamente, permitindo atuar enquanto os jogos ainda decorrem. Como resultado direto desta nova política, a Cloudflare encerrou mais de 20.000 contas de armazenamento R2 em apenas seis meses, das quais 19.817 foram processadas automaticamente.
Bloqueios de IP e a defesa do DNS
O relatório aborda também a crescente pressão para o bloqueio de sites a nível de infraestrutura. A Cloudflare tem sido alvo de várias ordens judiciais e administrativas, com a França a liderar o número de pedidos para bloqueios geográficos. No entanto, a empresa mantém uma linha vermelha: o seu resolver de DNS público, o 1.1.1.1.
A empresa reitera que evitará a todo o custo o bloqueio baseado em DNS, tendo procurado recursos legais antes de cumprir pedidos que visem o seu resolver público. Até à data, a Cloudflare garante não ter bloqueado qualquer conteúdo através do 1.1.1.1, procurando mecanismos alternativos para cumprir as ordens judiciais sem comprometer a integridade do sistema de nomes de domínio.
Um ponto de tensão particular envolve a LaLiga, a liga de futebol espanhola. Justin Paine criticou abertamente a abordagem da organização, classificando os seus pedidos de bloqueio de endereços IP como "rudimentares" e criticando a postura "sem remorsos" da liga. Segundo a Cloudflare, estas ações em Espanha e Itália obrigaram os fornecedores de Internet a bloquear infraestruturas partilhadas, afetando inúmeros sites legítimos que nada tinham a ver com pirataria, apenas para proteger interesses comerciais durante os jogos.
Apesar da resistência a bloqueios agressivos, a Cloudflare começou a cooperar voluntariamente com detentores de direitos no Reino Unido, implementando bloqueios a sites piratas com base em ordens judiciais pré-existentes, uma estratégia semelhante à utilizada pela Google. Nestes casos, os visitantes são recebidos com uma página de erro 451, indicando que o conteúdo está indisponível por motivos legais.
Conforme detalhado pelo TorrentFreak, com a combinação de relatórios automatizados e remoções via API, o volume de execução de direitos de autor deverá continuar a aumentar, embora a empresa prometa continuar a resistir a medidas que possam "quebrar" as fundações da Internet. Pode consultar todos os dados na página de transparência da empresa.










Nenhum comentário
Seja o primeiro!