
Um investimento massivo da Meta na Scale AI está a provocar ondas de choque em toda a indústria tecnológica. A Google, que era a maior cliente da startup de anotação de dados, planeia cortar relações, num movimento que reflete o crescente conflito de interesses entre os gigantes que competem pela supremacia na inteligência artificial.
De acordo com informações avançadas pela Reuters, a Google tencionava investir cerca de 200 milhões de dólares nos serviços da Scale AI este ano. No entanto, o negócio da Meta alterou drasticamente o cenário, levando a gigante das pesquisas a procurar ativamente alternativas no mercado.
O efeito dominó: Microsoft e OpenAI também reavaliam parceria
A decisão da Google não parece ser um caso isolado. Outros pesos-pesados da tecnologia estão igualmente desconfortáveis com a nova aliança. A Microsoft também estará a planear reduzir o seu envolvimento com a Scale AI.
A OpenAI, criadora do ChatGPT, terá tomado uma decisão semelhante há já alguns meses. Contudo, o seu diretor financeiro (CFO) clarificou que a empresa continuará a trabalhar com a Scale, tratando-a como um de vários fornecedores, numa aparente tentativa de diversificar os seus parceiros e mitigar riscos.
O negócio de 14,3 mil milhões de dólares que abalou a indústria
Na origem desta agitação está um negócio de proporções gigantescas. Relatórios anteriores sugerem que a Meta investiu 14,3 mil milhões de dólares para adquirir uma participação de 49% na Scale AI.
Mais do que um simples investimento, o acordo prevê que o CEO da Scale, Alexandr Wang, se junte à Meta para liderar os esforços da empresa no desenvolvimento de "superinteligência", um termo usado para descrever sistemas de IA que superam as capacidades humanas. Esta integração de liderança é vista pelos concorrentes como uma linha vermelha, temendo que os seus dados e estratégias de IA possam ficar expostos à Meta.
O que faz a Scale AI e por que é tão importante?
Fundada em 2016, a Scale AI tornou-se uma peça fundamental no ecossistema de inteligência artificial. A empresa especializa-se em fornecer equipas humanas com conhecimento especializado para anotar e rotular enormes volumes de dados. Este processo é crucial para treinar e refinar modelos de IA generativa, como os que alimentam o Gemini da Google ou o ChatGPT.
Para além das empresas de IA, a sua carteira de clientes inclui companhias de desenvolvimento de veículos autónomos e até o governo dos Estados Unidos. A preocupação dos clientes é que, ao partilhar dados sensíveis com a Scale AI para treino dos seus modelos, possam estar indiretamente a fornecer informações estratégicas a uma rival direta como a Meta.
Perante a controvérsia, um porta-voz da Scale AI recusou comentar a relação específica com a Google, mas assegurou à publicação TechCrunch que o negócio da empresa permanece sólido e que esta continuará a operar como uma entidade independente, empenhada em proteger os dados dos seus clientes. A Google, por seu lado, recusou-se a comentar o assunto.