
O Spotify apresentou os resultados financeiros para o segundo trimestre de 2025 e os números à primeira vista são de celebrar. A plataforma de streaming de áudio registou um crescimento robusto na sua base de utilizadores, superando as próprias expectativas, e consolidando a sua liderança no mercado. No entanto, uma análise mais detalhada às contas da empresa sueca revela alguns desafios financeiros que pintam um quadro mais complexo.
Crescimento forte, mas com um senão
No que toca a utilizadores, o Spotify está de parabéns. A empresa alcançou um total de 696 milhões de utilizadores ativos mensais (MAUs), o que representa um aumento de 11% face ao mesmo período do ano anterior. O número de subscritores Premium, aqueles que pagam para ter uma experiência sem anúncios e com funcionalidades extra, também cresceu, atingindo os 276 milhões, um aumento homólogo de 12%.
Este crescimento refletiu-se nas receitas totais, que aumentaram 10% para uns impressionantes 4.193 mil milhões de euros. Contudo, é aqui que as boas notícias começam a ser matizadas.
Publicidade em queda e encargos inesperados
Apesar do aumento geral, nem todas as fontes de receita se comportaram da mesma forma. Enquanto a receita proveniente das subscrições Premium cresceu 12%, em linha com o aumento de subscritores, a receita suportada por publicidade sofreu uma quebra de 1% em termos homólogos. A empresa nota que, a uma taxa de câmbio constante, esta receita teria crescido 5%, mas a queda reportada reflete o desempenho real e a volatilidade deste segmento de negócio, que foi ainda penalizado por movimentos cambiais desfavoráveis no valor de 104 milhões de euros.
O maior golpe para os resultados do Spotify veio, no entanto, de onde menos se esperava. O lucro operacional ficou nos 406 milhões de euros, um valor abaixo do que a empresa tinha previsto. A principal razão para este desvio foram os "Encargos Sociais", que totalizaram 116 milhões de euros, uns surpreendentes 98 milhões acima do previsto. Estes encargos correspondem a impostos sobre os salários ligados a compensações baseadas em ações, e o seu valor flutua com o preço das ações da empresa em bolsa. O aumento da massa salarial e outras despesas relacionadas também contribuíram para o falhanço da meta de lucro operacional.
Um sinal de confiança para os investidores
Apesar do cenário financeiro misto, o Spotify deu aos seus investidores um motivo forte para sorrir e manter a confiança. A empresa gerou um fluxo de caixa livre (Free Cash Flow) recorde de 700 milhões de euros no trimestre. Este valor eleva o fluxo de caixa livre acumulado nos últimos doze meses para 2.8 mil milhões de euros.
Com os cofres bem recheados, o Conselho de Administração aprovou um aumento de 1 bilião de dólares (cerca de 920 milhões de euros) ao programa de recompra de ações já existente. Esta medida eleva a autorização total para 2 biliões de dólares (aproximadamente 1.84 mil milhões de euros) e serve como um mecanismo para apoiar o valor das ações da empresa no mercado, demonstrando uma forte confiança da gestão no futuro do Spotify.