
A Administração do Ciberespaço da China (CAC) convocou a Nvidia para prestar esclarecimentos sobre alegadas vulnerabilidades de segurança nos seus chips H20. Segundo o regulador chinês, estes componentes apresentam "sérias falhas de segurança", com preocupações focadas em tecnologias de rastreamento, posicionamento e de encerramento remoto.
Um balde de água fria para os planos da Nvidia
Este desenvolvimento representa um enorme obstáculo para a Nvidia, precisamente numa altura em que as vendas dos chips H20 estavam prestes a ser retomadas, após os EUA terem revertido uma proibição imposta em abril. A situação complica os planos da gigante tecnológica, que procura equilibrar as políticas de exportação norte-americanas com a sua fatia de mercado lucrativa na China.
De acordo com a CNBC, a Nvidia já tinha registado uma perda contabilística de 4,5 mil milhões de dólares em maio devido ao inventário de chips H20 não vendido. A empresa revelou ainda que as vendas no seu último trimestre financeiro poderiam ter sido 2,5 mil milhões de dólares superiores se as restrições à exportação tivessem sido evitadas.
Recentemente, o CEO da Nvidia, Jensen Huang, visitou Pequim, a capital chinesa, para sinalizar o compromisso da empresa com o mercado local e anunciar a retoma das vendas dos H20. Acredita-se que a Nvidia tenha feito novas encomendas de 300.000 chipsets H20 à TSMC para responder à procura prevista, planos que agora ficam em risco.
A justificação dos EUA para o controlo apertado
A preocupação da CAC não surge do nada. A agência chinesa tem razões para acreditar que a tecnologia de rastreamento já está presente nos chips, refletindo as exigências de legisladores norte-americanos. Nos EUA, têm surgido propostas como o "Chip Security Act", do senador Tom Cotton, que exige a inclusão de funcionalidades de localização e capacidade de modificação remota em exportações de chips avançados.
Os legisladores americanos argumentam que estas capacidades são necessárias para prevenir o contrabando de chips e garantir o cumprimento dos controlos de exportação. No entanto, se estas "backdoors" já estiverem integradas ou forem adicionadas no futuro, a China considera-as uma ameaça direta à sua segurança nacional e à privacidade de dados.
Uma batalha na guerra tecnológica pela liderança em IA
Este episódio é mais um capítulo na intensa corrida pela liderança em Inteligência Artificial (IA) entre os EUA e a China. A estratégia norte-americana passa por dificultar os esforços chineses na área da IA, limitando o acesso a hardware potente. Esta medida força a China a desenvolver modelos de IA mais eficientes ou a criar o seu próprio hardware avançado, abrandando o seu progresso geral no setor. A decisão da CAC pode forçar a Nvidia a encontrar novas formas de navegar neste complexo cenário geopolítico.