
A gigante tecnológica norte-americana veio a público defender-se de acusações que envolvem a contratação de um novo executivo, num caso que está a gerar tensão na indústria de semicondutores. A TSMC avançou com um processo judicial contra o executivo, enquanto as autoridades de Taiwan confirmaram o início de uma investigação sobre o incidente.
Wei-Jen Lo, um engenheiro taiwanês, juntou-se à Intel neste outono, tendo sido contratado para auxiliar a empresa a melhorar os seus processos de produção em massa. O percurso profissional de Lo inclui uma passagem anterior pela empresa americana durante os seus anos de expansão na década de 80, antes de integrar os quadros da TSMC em 2004, onde ajudou a supervisionar o período de maior sucesso da fabricante de chips.
Processo judicial e investigações em Taiwan
A tensão escalou esta semana quando a TSMC anunciou que estava a processar Lo, alegando que este violou o seu contrato de trabalho e o acordo de não concorrência, além de infringir a Lei de Segredos Comerciais de Taiwan. A fabricante taiwanesa declarou existir "uma elevada probabilidade de que Lo use, divulgue ou transfira os segredos comerciais e informações confidenciais da TSMC para a Intel, tornando necessárias as ações legais".
As autoridades locais também já estão envolvidas no caso. Segundo relata a Reuters, os procuradores abriram um inquérito a Lo, tendo os investigadores realizado buscas em duas das suas residências. Durante estas operações, foram apreendidos computadores, unidades USB e outras provas. Existe ainda a possibilidade de os bens imobiliários e as ações de Lo serem confiscados no decorrer do processo.
A defesa da gigante norte-americana
Em resposta às acusações, um porta-voz da Intel afirmou à Reuters que, com base nas informações que a empresa possui, não existe razão para acreditar que as alegações envolvendo o Sr. Lo tenham mérito. A empresa defendeu as suas políticas internas, que proíbem a transferência de informações confidenciais de terceiros, garantindo que leva esses compromissos a sério.
Este caso surge num momento em que Taiwan intensifica a proteção da sua propriedade intelectual. Já este ano, três outras pessoas foram indiciadas num caso separado que envolvia o alegado roubo de tecnologia de fabrico de chips da TSMC para auxiliar uma rival japonesa. A situação ganha contornos mais complexos dado que o governo dos EUA detém agora uma participação de 10% na Intel, numa altura em que a empresa procura recuperar o seu estatuto de gigante dos semicondutores e capitalizar o boom da IA, do qual a TSMC tem retirado grandes dividendos.