
Parece que a indústria de jogos para PC não nos dá um momento de descanso. Passámos grande parte deste ano a lamentar os preços ridículos das placas gráficas e, assim que estes começaram finalmente a descer, os custos da memória e do armazenamento iniciaram uma escalada preocupante.
Estamos atualmente a atravessar uma escassez de memória que afeta tanto a DRAM (usada na RAM) como a memória NAND (usada nos SSDs), e que muito provavelmente afetará também as GPUs em breve. Esta escassez significa que a procura supera largamente a oferta, provocando um aumento generalizado dos preços. Já estamos a ver os valores da RAM a disparar, e tudo indica que os preços dos SSDs e até das placas gráficas seguirão o mesmo caminho.
A causa principal? O setor da Inteligência Artificial, que está em pleno "boom". Os servidores de IA exigem quantidades astronómicas de memória, tanto para armazenamento a longo prazo como para memória de sistema a curto prazo. E o problema reside no facto de que muitas das instalações que produzem memória para estes servidores são as mesmas que fabricam os componentes para a nossa RAM, SSDs e placas gráficas.
O impacto na carteira: RAM e SSDs mais caros
Esta mudança vai refletir-se muito em breve nos computadores de gaming. A CyberPowerPC, por exemplo, emitiu um comunicado informando que, a partir do próximo dia 7 de dezembro de 2025, irá ajustar para cima os preços de todos os seus sistemas. A empresa afirma que "os preços globais da memória (RAM) aumentaram 500% e os preços dos SSDs subiram 100%". E é pouco provável que sejam os únicos a tomar esta medida.
Se têm procurado fazer um upgrade à RAM ultimamente, talvez já tenham notado esta tendência. Desde meados de 2025, os preços dos kits de memória DDR4 e DDR5 para consumidores têm vindo a subir, com picos notáveis desde setembro. Um exemplo concreto é o kit de 32 GB Corsair Vengeance DDR5-6000, que se manteve estável nos 95 dólares durante a maior parte do ano, mas que recentemente subiu para 184 dólares — um aumento de 94%.
Nem a memória DDR4 está a salvo. Kits que custavam cerca de 70 dólares dispararam para 161 dólares, representando um aumento de 115%. Além do preço, a disponibilidade é outro problema, com muitos destes produtos a esgotarem rapidamente. As fabricantes Samsung e SK Hynix, por exemplo, estarão a cobrar aos clientes até 30% mais por DRAM e NAND neste quarto trimestre de 2025.
No campo do armazenamento, a situação é semelhante. A Adata afirmou que os fornecimentos de DRAM, NAND e até de armazenamento HDD estão em escassez pela primeira vez em 30 anos. Com a Samsung e outras fabricantes a focarem-se nos servidores de IA, a produção de NAND para o consumidor final acaba por ser prejudicada. Até os discos rígidos tradicionais (HDD) estão a enfrentar aumentos de preço, como foi o caso recente da Western Digital.
A culpa é do investimento massivo em IA
As placas gráficas podem parecer, à primeira vista, estar mais distantes destes aumentos do que a RAM ou os SSDs, mas os rumores indicam que também serão afetadas. A memória utilizada nos centros de dados de IA é diferente da que equipa as nossas gráficas, mas as fabricantes estão a desviar as linhas de produção para satisfazer a procura insaciável da IA, o que resulta em menos oferta de memória para GPUs e, consequentemente, preços mais altos.
A NVIDIA e a OpenAI estão no centro deste furacão de investimento. O projeto Stargate da OpenAI, anunciado no início do ano, prevê gastar 500 mil milhões de dólares em infraestrutura de IA nos EUA ao longo de quatro anos. Com tanto capital a circular e centros de dados a serem construídos a um ritmo frenético, é natural que a indústria de memória esteja a ser drenada.
A retalhista britânica Overclockers UK já alertou: "Devido ao aumento explosivo e sem precedentes no preço da memória DDR4 e DDR5 causado pela procura de servidores de IA para 2026, estes aumentos estão a começar a impactar as placas gráficas". Estimam-se aumentos de até 15 dólares em placas de 8GB e até 30 dólares em placas de 16GB.
Infelizmente, não se prevê um alívio a curto prazo. A Team Group referiu que o desequilíbrio entre a oferta e a procura deverá persistir, pelo menos, até à primeira metade do próximo ano. Outras análises de mercado sugerem que a escassez de memória poderá durar mais três ou quatro anos. Resta aos consumidores prepararem-se para um período de preços elevados ou anteciparem as suas compras antes que os stocks existentes ao preço antigo desapareçam.