A empresa Element, responsável pela criação e manutenção do protocolo de comunicação Matrix, acaba de confirmar uma mudança na sua licença, que pode tornar o projeto menos apelativo para algumas entidades que pretendam desenvolver sobre o mesmo.
A entidade confirmou que vai mudar a licença de alguns dos seus projetos base do protocolo, nomeadamente do Synapse, Dendrite e outros associados, passando da licença Apache 2.0 para a mais restritiva Affero General Public License (AGPL) v3. Esta mudança pode ter impacto na forma como terceiros podem usar e criar com o protocolo, tendo em conta que se trata de uma licença menos abrangente que a Apache 2.0.
A Element afirma que a mudança será necessária como forma de manter a sustentabilidade do protocolo. A empresa afirma que mais de 95% das contribuições para o protocolo são feitas pela entidade, o que obriga a que sejam aplicadas medidas para tornar o uso da mesma de forma justa para todas as partes envolvidas. Esta mudança surge também numa altura em que opções de descentralização em várias áreas encontram-se a ser cada vez mais importantes.
Segundo a mensagem da entidade, “Nos últimos dois anos, o Matrix evoluiu de "crescimento explosivo" para se tornar numa "categoria" por direito próprio. Por outras palavras, "baseado em Matrix" é agora especificado como um requisito em grandes concursos públicos e privados - nos quais as multinacionais competem para fornecer produtos e serviços baseados em Matrix.”
A entidade sublinha ainda que “Conseguimos tornar a Matrix extremamente bem-sucedida, mas a Element está a perder a sua capacidade de competir no próprio ecossistema que criou. É difícil para a Element inovar e adaptar-se tão rapidamente como as empresas cujo modelo de negócio consiste em desenvolver produtos e serviços proprietários baseados na Matrix sem a responsabilidade e os custos de manter a maior parte da Matrix. Para sermos justos com os nossos clientes, temos de nos concentrar mais neles e nas suas necessidades específicas.”
É ainda referido que “chegou a altura de voltarmos ao jogo, estabelecendo condições equitativas e garantindo que podemos continuar a apoiar o Matrix, enquanto fornecemos os serviços que os nossos clientes pedem. Isto levou-nos a reconsiderar a forma como licenciamos o código-fonte aberto que desenvolvemos.”
Esta mudança de licença terá impacto sobretudo para entidades que não pretendam desenvolver o seu software num formato open source. Ao contrário do que acontece com a licença Apache 2.0, em AGPL os novos projetos derivados do original podem usar e adaptar o código, mas devem manter a mesma licença do projeto original. Para a grande maioria, isto pode não ser um problema, mas para empresas que pretendam ter mais controlo sobre o software que usam, e não pretendam divulgar as mudanças feitas no mesmo, pode causar problemas e atritos.