A Epic Games acaba de anunciar um conjunto de novidades para a sua loja digital que prometem agitar o mercado e beneficiar, em particular, os programadores de software. As duas grandes mudanças incluem uma nova política de comissões mais favorável e a introdução das chamadas 'webshops'.
Comissão zero para impulsionar developers
A partir de junho, a Epic Games Store implementará uma alteração significativa na sua estrutura de taxas. A empresa não cobrará qualquer comissão sobre o primeiro milhão de dólares ($1.000.000) de receita que uma aplicação gerar anualmente. Apenas após ultrapassar este valor é que a Epic começará a aplicar a sua taxa padrão de 12%.
Esta medida representa uma vantagem considerável para estúdios mais pequenos ou programadores independentes, especialmente quando comparada com as práticas de outras plataformas. A Steam, por exemplo, retém uma comissão de 30% sobre as vendas. Já a App Store da Apple, embora não seja um concorrente direto no mesmo segmento de mercado (PC vs Mobile/Desktop), aplica uma taxa de 15% sobre o primeiro milhão de dólares em receita, subindo para 30% após esse limite.
'Webshops': uma alternativa às taxas das lojas de aplicações
Em paralelo, a Epic anunciou as 'webshops'. Trata-se de lojas online externas, potenciadas pela infraestrutura da Epic Games Store, que permitem aos developers oferecerem aos seus clientes "compras fora da aplicação" ('out-of-app purchases'). O objetivo é claro: fornecer uma alternativa mais económica às compras dentro da aplicação ('in-app purchases'), que frequentemente estão sujeitas às comissões impostas por lojas como a App Store da Apple.
Estas 'webshops' estarão disponíveis já no próximo mês e poderão ser implementadas "em qualquer plataforma que o permita". É importante notar que, devido a recentes alterações regulatórias e legais, isto inclui agora dispositivos iOS tanto na União Europeia como nos Estados Unidos.
Para incentivar a utilização destas lojas externas, a Epic Games oferecerá um bónus de 5% em Epic Rewards em todas as compras realizadas através das 'webshops'. A empresa ainda não especificou se esta será uma oferta por tempo limitado.
Contexto legal e o regresso de Fortnite
A capacidade da Epic para lançar estas 'webshops', contornando as tradicionais taxas das lojas de aplicações móveis, advém de uma recente vitória legal contra a sua rival de longa data, a Apple. Um tribunal na Califórnia ordenou que a Apple deixe de impedir os developers de direcionarem os utilizadores para métodos de pagamento externos e, consequentemente, de cobrar taxas sobre essas transações.
Esta decisão judicial tem outra consequência direta: o regresso do popular jogo Fortnite aos dispositivos Apple nos EUA, previsto já para a próxima semana. O CEO da Epic Games, Tim Sweeney, manifestou publicamente a intenção de disponibilizar novamente o jogo na App Store a nível mundial, mas coloca uma condição: que a Apple estenda a aplicação da decisão judicial a todos os países. Sweeney refere-se a esta proposta como um "plano de paz", mas, até ao momento, a Apple ainda não respondeu.
Estas alterações na Epic Games Store podem, assim, ter um impacto significativo não só para os developers, que veem as barreiras financeiras reduzidas, mas também para os consumidores, que poderão ter acesso a formas mais vantajosas de adquirir conteúdos digitais.
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