Um relatório bombástico da Enders Analysis (divulgado pela ArsTechnica) alega que os dispositivos Amazon Fire Stick estão no cerne de uma vasta rede de pirataria de streaming, resultando em prejuízos que ascendem a "milhares de milhões de dólares". A investigação, intitulada "Video piracy: Big tech is clearly unwilling to address the problem" (Pirataria de vídeo: As grandes tecnológicas claramente não estão dispostas a resolver o problema), foca-se primariamente no cenário europeu, mas sublinha que esta prática de visualização não autorizada é uma dor de cabeça crescente a nível mundial. O problema agrava-se à medida que mais eventos ao vivo, como grandes competições desportivas, transitam para as plataformas de streaming.
O "jailbreak" como porta de entrada para o conteúdo ilegal
A questão central com os Fire Sticks, e outros dispositivos semelhantes, reside na facilidade com que os utilizadores os podem modificar. Este processo, comummente designado por "jailbreaking", envolve essencialmente alterar as definições do aparelho para permitir a instalação de aplicações provenientes de fora da loja oficial de apps da Amazon. Uma vez aberta esta porta, os utilizadores podem carregar aplicações que oferecem acesso a todo o tipo de conteúdos, incluindo os cobiçados eventos desportivos em direto, filmes e séries, frequentemente de forma gratuita. Isto representa, como é óbvio, um enorme problema para as empresas detentoras dos direitos de transmissão.
Gigantes da tecnologia também no banco dos réus
O relatório da Enders Analysis não se limita a apontar o dedo à Amazon. Há também críticas dirigidas ao Facebook, por alegadamente permitir a veiculação de anúncios para estes serviços de streaming ilegais, e à Google e Microsoft, por supostamente negligenciarem os seus sistemas de gestão de direitos digitais (DRM). Estes sistemas, o Widevine da Google e o PlayReady da Microsoft, têm como objetivo proteger os conteúdos. No entanto, o estudo sugere que não estão a ser atualizados de forma eficaz, destacando que a última grande atualização do PlayReady da Microsoft, a versão 4.6, data de dezembro de 2022. Já em fevereiro, a DAZN, uma das maiores plataformas de streaming de futebol na Europa, classificou a pirataria de streaming como "quase uma crise para a indústria dos direitos desportivos".
Fire Sticks: Um fenómeno de popularidade na pirataria
A Enders Analysis identifica especificamente os Fire Sticks como um dos principais "facilitadores de pirataria". Esta constatação não surpreende, considerando que, no Reino Unido, estes dispositivos são responsáveis por aproximadamente metade de toda a pirataria, segundo Nick Herm, COO do Sky Group. Herm salienta ainda um fator preocupante: como a Amazon é uma marca legítima e amplamente reconhecida, alguns indivíduos partem do princípio de que utilizar um Fire Stick modificado para este fim é aceitável, chegando ao ponto de fornecer os dados dos seus cartões de crédito a entidades que são, na essência, organizações criminosas.
A resposta da Amazon: combate à pirataria e alertas aos utilizadores
Confrontada com estas alegações, a Amazon declarou à ArsTechnica que o conteúdo pirateado viola as suas políticas. A empresa afirmou ainda que colabora com parceiros da indústria e autoridades para combater a pirataria, alertando os seus clientes sobre os riscos de instalar aplicações de fontes desconhecidas. Um representante da Amazon mencionou também que a gigante do comércio eletrónico tem prestado auxílio às forças de segurança, incluindo a Police Intellectual Property Crime Unit (Unidade de Crimes Contra a Propriedade Intelectual da Polícia) em Londres.
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