A Google está novamente debaixo de fogo na União Europeia. A gigante tecnológica foi alvo de uma queixa antitrust junto à Comissão Europeia, acusada de prejudicar os editores de notícias independentes através dos seus resumos gerados por inteligência artificial, conhecidos como "AI Overviews".
Segundo a Reuters, a ação foi movida por um conjunto de organizações que inclui a Aliança de Editores Independentes, o Movimento por uma Web Aberta e a ONG Foxglove Legal Community Interest Company. A principal acusação é que a nova funcionalidade da Pesquisa Google está a canibalizar o tráfego que, de outra forma, seria direcionado para os sites de notícias.
Uma "ameaça existencial" aos editores
A queixa argumenta que, ao fornecer respostas diretas e sumários completos na página de resultados, a Google elimina a necessidade de os utilizadores clicarem nos links para acederem aos artigos originais. Este desvio de tráfego representa um golpe financeiro significativo para os órgãos de comunicação social, cuja receita depende largamente das visitas para a exibição de publicidade.
O documento da queixa é explícito: "O principal serviço de motor de busca da Google está a usar indevidamente o conteúdo da web para as visões gerais de IA (...) que causaram e continuam a causar danos significativos aos editores (...) na forma de perda de tráfego, leitores e receita".
Os queixosos defendem que a Google utiliza o conteúdo dos seus sites para alimentar estes resumos sem qualquer tipo de compensação ou pagamento de direitos pela utilização do mesmo.
Uma escolha impossível
Um dos pontos mais críticos da denúncia é a alegada falta de controlo por parte dos editores. As organizações afirmam que não podem impedir que o seu conteúdo seja utilizado para criar os resumos e treinar os modelos de linguagem da Google sem uma penalização severa: a perda de visibilidade ou mesmo a exclusão dos resultados de pesquisa.
Face a esta situação, descrita como uma "ameaça existencial", os signatários da queixa pedem a criação de uma medida provisória que force a Google a permitir que os sites de notícias possam optar por não fornecer os seus dados para os resumos de IA, sem que isso afete a sua presença no motor de busca.
Queixas acumulam-se e a Google responde
Este não é um caso isolado. Uma queixa semelhante já foi apresentada à Autoridade de Concorrência e Mercados (CMA) no Reino Unido. Além disso, em fevereiro, a empresa de ensino online Chegg processou a Google nos Estados Unidos pelo mesmo motivo, sinalizando uma crescente onda de descontentamento contra a funcionalidade.
Em sua defesa, um porta-voz da Google afirmou que as novas experiências de IA na Pesquisa, na verdade, criam novas oportunidades para a descoberta de conteúdos. "A realidade é que os sites podem ganhar e perder tráfego por vários motivos, incluindo procura sazonal, interesses dos utilizadores e atualizações algorítmicas regulares da Pesquisa", acrescentou a empresa.
Até ao momento, a Comissão Europeia recusou-se a comentar o caso, mas a sua congénere britânica, a CMA, já confirmou ter recebido a reclamação.
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