
A Polícia Judiciária (PJ) desmantelou um esquema de burla que lesou dezenas de vítimas em todo o país, culminando na detenção de um homem no Seixal. Na operação, batizada de “Apagão”, o suspeito é fortemente indiciado por se fazer passar por funcionário de empresas de eletricidade para roubar dezenas de milhares de euros.
O esquema da falsa dívida de eletricidade
O método utilizado pelo burlão era simples, mas eficaz. O suspeito contactava as vítimas por telemóvel, identificando-se como um funcionário da Empresa de Eletricidade da Madeira ou da E-Redes. Durante a chamada, alegava a existência de supostas coimas, faturas em atraso ou outras taxas por liquidar.
Para tornar a ameaça mais credível, o homem exigia o pagamento imediato dos valores através de referências multibanco que ele próprio fornecia, sob a ameaça de um corte iminente no fornecimento de energia elétrica. A pressão e o sentido de urgência levavam muitas vítimas a efetuar as transferências sem questionar.
Investigação apurou mais de 200 vítimas
A investigação, conduzida pelo Departamento de Investigação Criminal da Madeira com o apoio do DIC de Setúbal, teve início no começo deste ano. As autoridades apuraram que o esquema fraudulento permitiu ao suspeito apropriar-se de dezenas de milhares de euros. Embora as vítimas se encontrassem em várias zonas do país, verificou-se uma incidência particularmente elevada na Região Autónoma da Madeira. O número total de lesados ainda está por determinar, mas as estimativas apontam para que possa ultrapassar as duas centenas.
Durante a operação foram realizadas três buscas domiciliárias, que permitiram à PJ recolher provas importantes da prática reiterada dos crimes. Foi ainda descoberto que o suspeito recorria a circuitos bancários internacionais para ocultar e dissipar o dinheiro obtido ilicitamente. A investigação prossegue para apurar o montante total desviado, o número exato de vítimas e o destino final do dinheiro. A PJ contou com a colaboração da Força Aérea Portuguesa para a concretização da operação.
O detido, um homem de 38 anos, já possuía antecedentes criminais por tráfico de estupefacientes, abuso de cartão de pagamento e burla informática. Será agora presente no Tribunal Judicial do Funchal para primeiro interrogatório e aplicação das respetivas medidas de coação, segundo comunicado da Polícia Judiciária.










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