
Mark Zuckerberg partilhou recentemente um memorando onde detalha a sua visão para construir uma "superinteligência" artificial. No documento, o CEO da Meta sugeriu que a busca por uma IA mais poderosa pode exigir que a empresa seja mais seletiva naquilo que disponibiliza em código aberto, uma mudança de tom notável para a sua estratégia até agora.
Uma mudança de paradigma na Meta?
Citando "preocupações de segurança", Zuckerberg escreveu que a Meta precisaria de ser "rigorosa" nestas decisões. Esta afirmação chamou a atenção, visto que o líder da gigante tecnológica, que em tempos se mostrou veementemente contra plataformas fechadas, fez do código aberto um pilar central da estratégia de IA da Meta.
Durante a apresentação de resultados do segundo trimestre da Meta, Zuckerberg voltou a abordar a possibilidade de uma mudança, embora tenha desvalorizado o seu significado. Quando questionado se a sua perspetiva tinha mudado, afirmou:
"Não creio que a nossa forma de pensar tenha mudado particularmente. Sempre disponibilizámos alguns dos nossos modelos em código aberto e não tudo o que fizemos. Por isso, espero que continuemos a produzir e a partilhar modelos de código aberto de referência."
No entanto, acrescentou novas nuances à questão. "Estamos a chegar a modelos tão grandes que simplesmente não são práticos para muitas outras pessoas utilizarem, por isso debatemo-nos se é produtivo ou útil partilhá-los, ou se isso está apenas a ajudar principalmente os concorrentes", explicou. "E, obviamente, à medida que nos aproximamos de uma verdadeira superinteligência, penso que há um conjunto totalmente diferente de preocupações de segurança que precisamos de levar muito a sério".
Apesar destas ressalvas, Zuckerberg concluiu que espera que a Meta "continue a ser um líder" na disponibilização de trabalho em código aberto, mas reforçou que isso não significará partilhar tudo, mantendo a abordagem atual.
O que mudou num ano?
Esta posição é notavelmente diferente da que defendeu há quase um ano. Num outro memorando, intitulado Open Source AI is the Path Forward, Zuckerberg argumentava que o código aberto era crucial tanto para a Meta como para os programadores.
"As pessoas perguntam-me frequentemente se me preocupo em ceder uma vantagem técnica ao abrir o código do Llama, mas penso que isso ignora o panorama geral", escreveu na altura. Para ele, a competitividade no desenvolvimento de IA significava que partilhar um modelo não representava uma vantagem massiva sobre os modelos seguintes.
Nesse mesmo texto, defendia ainda que o código aberto é mais seguro. "Existe um debate contínuo sobre a segurança dos modelos de IA de código aberto, e a minha visão é que a IA de código aberto será mais segura do que as alternativas", argumentou.
Apesar de Zuckerberg garantir que a empresa continuará a partilhar parte do seu trabalho, parece estar a preparar o terreno para um futuro em que a "superinteligência" da Meta poderá ser muito menos aberta do que se pensava.











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