
A Autoridade da Concorrência e Mercados (CMA) do Reino Unido poderá estar prestes a abalar as estruturas do mercado de computação em nuvem. Um painel convocado pela entidade recomendou formalmente que se inicie uma investigação aprofundada às práticas da Microsoft e da Amazon Web Services (AWS), os dois maiores players do setor.
Um mercado dominado por dois gigantes
A decisão final do painel da CMA destaca uma preocupação central: o mercado de cloud no Reino Unido é esmagadoramente dominado pela AWS e pela Microsoft. Esta concentração cria barreiras de entrada tão elevadas que se torna quase impossível para novas empresas competirem ou crescerem no setor. O resultado é um poder de mercado significativo nas mãos de duas empresas, deixando os clientes com poucas alternativas viáveis.
"Lock-in" dificulta a vida aos clientes
Outro ponto crítico levantado pela autoridade britânica são as barreiras técnicas e comerciais que dificultam a mudança de fornecedores por parte dos clientes. Este fenómeno, conhecido como "lock-in", impede que as empresas possam aproveitar ofertas mais vantajosas ou serviços mais inovadores de outros fornecedores, o que, por sua vez, enfraquece a concorrência e a inovação no mercado.
Licenciamento da Microsoft debaixo de fogo
As estratégias de licenciamento de software da Microsoft foram especificamente apontadas como anti-competitivas. Segundo o relatório final do painel, estas práticas são desenhadas para colocar rivais como a AWS e a Google em desvantagem, limitando ainda mais a escolha para os clientes que dependem do ecossistema de software da Microsoft.
O relatório detalha que existem diferenças significativas de preço e qualidade quando um cliente utiliza software Microsoft na cloud da própria empresa em comparação com a utilização em clouds concorrentes. Em alguns casos, o custo que a AWS e a Google pagam à Microsoft por certos produtos é superior ao preço que a Microsoft cobra ao seu cliente final, uma desvantagem que acaba por ser repercutida no consumidor.
Microsoft responde: "A CMA está enganada"
Em resposta ao relatório, um porta-voz da Microsoft afirmou ao Financial Times que a publicação da CMA "erra o alvo novamente". Segundo a empresa, "o mercado de cloud nunca foi tão dinâmico e competitivo, com investimento recorde e mudanças rápidas impulsionadas pela IA". A Microsoft critica ainda o facto de as recomendações não abrangerem a Google, descrita como "um dos participantes do mercado de cloud com crescimento mais rápido".
A potencial investigação poderá resultar em mudanças significativas no licenciamento e nos preços do software de cloud da Microsoft. No entanto, espera-se que o processo legal seja longo, podendo demorar anos, altura em que as questões em causa poderão já não ser tão relevantes como hoje.










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