A longa batalha judicial entre a Samsung Display e a chinesa BOE Technology chegou finalmente ao fim. As duas gigantes da tecnologia, que são também fornecedoras essenciais de ecrãs para a Apple, concordaram em resolver os seus diferendos sobre a propriedade intelectual da tecnologia OLED.
Um porta-voz da Samsung Display confirmou que ambas as empresas reconheceram que "uma concorrência tecnológica leal é essencial para o avanço da indústria de ecrãs". Como resultado deste entendimento, decidiram retirar todas as ações judiciais pendentes entre si. Embora existam relatos de que a BOE poderá pagar royalties de patentes à gigante sul-coreana como parte do acordo, a Samsung recusou-se a comentar esses detalhes financeiros.
Uma disputa de três anos
Este acordo encerra um conflito que se arrastava há três anos entre a divisão de ecrãs da Samsung e a BOE. A tensão escalou em dezembro de 2022, quando a Samsung apresentou uma queixa na Comissão de Comércio Internacional dos EUA (ITC), alegando que a BOE tinha infringido as suas patentes OLED. Mais tarde, em outubro de 2023, a empresa coreana abriu outro processo, acusando a rival chinesa de roubar segredos comerciais ao contratar ex-funcionários para aceder a tecnologias de fabrico confidenciais.
A situação complicou-se para o lado da BOE em março de 2025, quando a ITC decidiu que a empresa tinha, de facto, infringido três patentes da Samsung Display. Mais recentemente, numa decisão preliminar proferida em julho, a ITC concluiu que a BOE se tinha apropriado indevidamente de segredos comerciais da Samsung, recomendando uma proibição das exportações de painéis OLED da empresa chinesa para os EUA por um período de quase 15 anos.
Agora, segundo os registos do processo na ITC, as empresas solicitaram o fim da investigação, evitando assim um desfecho que poderia ter sido catastrófico para a BOE, uma das maiores fabricantes mundiais de painéis LCD e OLED, logo atrás da Samsung e da LG.
Espionagem industrial e tensões no mercado
Este acordo surge num momento em que as grandes empresas de tecnologia tentam reduzir a sua dependência de fabricantes na China para componentes críticos. O caso sublinhou também a crescente preocupação com o roubo de propriedade intelectual no setor altamente competitivo dos ecrãs.
Ainda em julho de 2024, um tribunal sul-coreano condenou um ex-engenheiro da Samsung Display a seis anos de prisão por ter divulgado tecnologia OLED avaliada em cerca de 24,5 milhões de dólares para a China. Além disso, no mês passado, a polícia sul-coreana abriu uma investigação após suspeitas de que dois funcionários da LG Display teriam divulgado tecnologias proprietárias a uma empresa chinesa.
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